Da Redação
A violência contra o idoso existe e pode estar mais perto do que se imagina. Para alertar a sociedade sobre esse fato, a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Rede Internacional de Prevenção à Violência à Pessoa Idosa (INPES) instituíram o Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa, celebrado em 15 de junho. Em Guarulhos, a data foi lembrada hoje com a realização de um simpósio intersetorial, no auditório da Secretaria de Educação, e com uma caminhada, que reuniu ontem mais de 200 pessoas no Lago dos Patos de Vila Galvão.
“Respeito não tem idade. Diga não à violência!” foi o tema do simpósio promovido pelas secretarias municipais de Saúde; Educação; Desenvolvimento e Assistência Social, e Direitos Humanos, através da Subsecretaria de Políticas para o Idoso; em conjunto com o Conselho Municipal de Direitos da Pessoa Idosa; Fórum do Idoso; Acolher Instituto e Frente Parlamentar do Idoso.
Duas palestras marcaram o evento. A primeira foi ministrada pela assistente social do Centro de Referência à Saúde do Idoso (Ceresi), Regislaine Leôncio Pereira, que fez uma análise crítica do filme “A era do Gelo”, abordando mitos e estereótipos do envelhecimento. Ela destacou que o preconceito nasce daquilo que rejeitamos e não podemos esquecer que é possível ter muita potencialidade mesmo com o envelhecimento. “Todos querem viver muito, mas ninguém quer ficar velho. Porém, a velhice é a continuidade da nossa vida”, ressaltou.
Atuação frente à violência
“Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI) do município de Guarulhos: o olhar da Vigilância Sanitária” foi o tema da segunda palestra, proferida pelos fiscais do órgão, Márcio Ferraracio e Beatriz Maria Borches. Além de discorrer sobre a legislação que regula o funcionamento das ILPIs, mais conhecidas como casas de repouso, e falar dos cuidados na hora de contratar uma instituição como essa, as autoridades sanitárias relataram as condições degradantes que eles encontram no seu trabalho de fiscalização dessas entidades.
Alimentação inadequada e em quantidade insuficiente para atender a todos os internos, relatos de idosos que alegam passar fome, alimentos com data de validade vencida, pessoas com feridas expostas e sem os cuidados necessários, ambientes sujos, mal ventilados e sem barras de apoio foram alguns dos exemplos de irregularidade citados pelos fiscais da Vigilância Sanitária Municipal, que atuam na inspeção desses estabelecimentos.
Eles estavam presentes na interdição da Instituição de Longa Permanência para Idosos localizada no Jardim Vila Galvão, em abril deste ano. Dos 18 internos que estavam nessa instituição, quatro tiveram de ser hospitalizados, quatro retornaram para as famílias e os demais foram transferidos.
No local, os fiscais encontraram idosos dormindo no chão ao lado de poças de urina, em cômodo com a luz apagada, trancado e sem acesso à chave; internos com amputação de membro e úlceras abertas sem material para efetuar curativo; alimentos com data de validade vencida desde 2014; e pessoas desnutridas que não sabiam relatar quando se alimentaram pela última vez. O caso segue sob investigação do Ministério Público Estadual.
Caminhada
No Lago dos Patos de Vila Galvão, a violência contra a pessoa idosa ficou estampada na faixa e cartazes empunhados pelas mais de 200 pessoas que participaram de uma caminhada no local nesta quarta-feira (12), às 9h. Idosos de várias regiões do município, alguns deles moradores da cidade há mais de 30 anos e que sequer conheciam este ponto turístico da cidade, foram prestigiar o evento, que também contou com coffee break, aula de alongamento e de dança circular sênior, além de visita ao espaço Casa da Vó, no Museu Histórico Municipal.
A atividade foi promovida pela Região de Saúde Cantareira, que disponibilizou ônibus gratuitos em várias Unidades Básicas de Saúde (UBSs) para transportar os idosos. “Temos de mostrar para a sociedade que a violência contra o idoso existe e incentivar a denúncia a todo e qualquer tipo de violação aos direitos. As denúncias podem ser feitas através do Disque 100, canal que é totalmente seguro e garante ao denunciante a preservação de sua identidade” destacou Virgínia Frassei, diretora da Região de Saúde Cantareira.