Costinha,
humorista com passagens pelas principais emissoras de TV no Brasil, além dos
palcos de teatro e telas de cinema, morreu em 15 de setembro de 1995, há 25
anos. Filho de uma portuguesa e um palhaço de circo, o “Bocó”, Lírio
Mário da Costa nasceu em 25 de março de 1923, no bairro de Vila Isabel, na
então capital federal, Rio de Janeiro
Foi criado em um ambiente de circo até o início
da adolescência. Aos 13, seu pai deixou a família e Costinha parou de estudar
no terceiro ano do ginásio, começando a trabalhar. Passou pelas mais diversas
funções, como garçom, vendedor de bilhetes da loteria, apontador de jogo do bicho,
engraxate, faxineiro, motorista e contrarregra. Investiu na carreira artística
após sair do Exército.
Seu primeiro trabalho no teatro foi em 1941, no
espetáculo Uma Pulga na Camisola. Em 1942, teve suas primeiras
experiências como radialista – inicialmente como Mário Costa, e,
posteriormente, já conhecido como Costinha.
Foi no rádio que começou a ganhar destaque
imitando o então prefeito de São Paulo, Jânio Quadros (durante a gestão entre
1953 e 1955), ao lado de Silvino Neto (pai do ator Paulo Silvino), que imitava
Juscelino Kubitschek. A imitação, porém, foi censurada a pedido da secretaria
de segurança de São Paulo, à época. “Eu era um ‘João Ninguém’ e a censura
me tornou conhecido”, disse Costinha em 1991.
Ao longo de sua carreira, o humorista esteve
presente em diversos palcos espalhados pelo Brasil, com shows de humor e
espetáculos. Muitos de seus trabalhos tinham nomes de duplo sentido ou alguma
conotação sexual. Entre eles, Morno e Manso, Entrando na Abertura,
Falando de Frente, Veludo, O Costureiro das Dondocas e O
Donzelo e Mamãe.
Em O Presidenciável, subiu ao palco
como um candidato a presidente que tinha o lema “Eretas Já”
(referência ao movimento Diretas Já) e formava seu time de ministros: Tim Maia
(Planejamento), Agnaldo Timóteo (Minas e Energia), Dercy Gonçalves (Educação),
Cauby Peixoto (Comunicação), Waldick Soriano (Desburocratização) e ainda Sidney
Magal como “ministro das vias urinárias”.
“Eu já criei uma imagem do ‘eterno
gozador’. Mas não é verdade. Gozador por quê? Eu por acaso invento alguma
coisa? Não… Eu só faço gozação em cima do que está se vendo aí”, dizia
na apresentação, em janeiro de 1985.
As pretensões políticas tinham um fundo de
verdade na vida real: anos antes, em junho de 1981, Costinha chegou a se filiar
ao Partido Democrático Social (PDS) de São Paulo pensando em disputar as
eleições para deputado federal em 1982.
Já na peça O Exorsexy, lançada em
1976 (dois anos após o sucesso O Exorcista chegar aos cinemas
brasileiros), uma mãe buscava a ajuda de um psiquiatra, uma prostituta e uma
entidade da umbanda para que o filho “mudasse” sua orientação sexual.
A obra chegou a ser vetada. “Durante toda a
peça é feita a apologia do homossexualismo [sic], mostrando o comportamento
afeminado do rapaz, que não se envergonha de suas tendências e até, pelo
contrário, vangloria-se dessa perversão, não demonstrando qualquer intenção de
modificar-se”, constava em análise da censura à época, que ainda destacava
que “o principal personagem, que faz um tipo grosseiro, vulgar e agressivo
é apresentado como o herói polarizador das atenções e do interesse geral. Seu
homossexualismo (sic) é implicitamente glorificado durante todo o
desenvolvimento da citada pornochanchada teatral”
Personagens ou piadas com referência a gays
sempre fizeram parte do repertório de Costinha – muitas delas, hoje,
possivelmente enfrentariam mais críticas do que as recebidas na época. Em vida,
chegou a se justificar sobre o tema: “nunca quis desrespeitar ninguém, só
faço uma sátira”.
Costinha participou de vários programas de TV em
diversas emissoras. Nas décadas de 1970 e 1980, ficou marcado por lançar
diversos LPs que traziam compilações de suas piadas. Discos como As
Proibidas do Costinha e os vários volumes de O Peru da Festa fizeram
sucesso à época.
Morte
Costinha morava sozinho na região de Copacabana,
na zona sul do Rio de Janeiro, quando decidiu encerrar a carreira e começou a
pré-produção de um espetáculo infantil que seria a sua despedida dos palcos. Em
abril de 1993, havia constatado uma Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC).
Entre as causas, o excesso de cigarros – Costinha fumava até dois maços e meio
por dia.
Mesmo com o problema, não seguiu a orientação
médica e continuou com o vício, o que lhe rendeu outros dez dias internado em
agosto de 1994, após passar mal durante um show no teatro do Barra Shopping.
Ao todo, foram mais de dez internações. À época,
funcionários relatavam que, mesmo mal de saúde, Costinha encontrava um jeito de
fumar seus cigarros escondido dentro do hospital.
Em 4 de setembro de 1995, sentiu-se mal, com
falta de ar e muita tosse. Foi internado no Hospital Pan-Americano, na Tijuca,
onde passou seus últimos dias. Costinha morreu em 15 de setembro de 1995, às
5h45.
O humorista era pai de quatro filhos de seu
primeiro casamento, além de ter “adotado” os três filhos de sua
segunda esposa, de quem já estava separado cerca de dois anos antes de sua
morte.
Suas últimas peças foram Curta e Grossa e Reverência
de Um Gay. Na TV, despediu-se com Mazarito. Semanas depois, a
Câmara de Vereadores de São Paulo propôs a nomeação de uma viela em Perdizes
como Lírio Mário da Costa em homenagem ao humorista.
25 anos sem Costinha: relembre a carreira do humorista
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