Neste domingo, 27, os eleitores de Guarulhos, a segunda maior cidade do Estado de São Paulo, voltarão às urnas para escolher o novo prefeito em um segundo turno marcado por dinâmicas políticas singulares. A disputa será entre o vereador Lucas Sanches (PL) e o ex-prefeito Elói Pietá (Solidariedade). Sanches surpreendeu no primeiro turno ao liderar com 33,25% dos votos, enquanto Pietá, nome tradicional da política local, alcançou 29,81%. Ambos agora se enfrentam em um cenário que envolve disputas internas e a ausência de apoios políticos de peso.
Lucas Sanches e o ‘Marçal de Guarulhos’
Lucas Sanches é comparado nos bastidores ao empresário Pablo Marçal (PRTB), que se destacou na corrida pela Prefeitura de São Paulo com uma estratégia que priorizava o uso intensivo das redes sociais e discursos voltados contra o sistema tradicional. O apelido de “Marçal de Guarulhos” reflete a maneira como Sanches conduziu sua campanha, sem grandes coligações ou apoios tradicionais.
Mesmo filiado ao PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, Sanches não contou com o apoio direto do líder conservador. Bolsonaro optou por apoiar o deputado estadual Jorge Wilson, conhecido como o “Xerife do Consumidor”, que terminou em terceiro lugar com 20,12% dos votos. Essa ausência de um “padrinho político” de peso confere à candidatura de Sanches uma imagem de renovação e independência, embora ele se posicione como um outsider dentro do sistema partidário.
Elói Pietá e o apoio conturbado do PT
Do outro lado, Elói Pietá, ex-prefeito da cidade e figura política histórica, enfrenta uma situação interna conturbada. Anteriormente filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT), Pietá deixou a sigla após desentendimentos, culminando em sua candidatura pelo Solidariedade. No primeiro turno, o PT concorreu com o deputado federal Alencar Santana, que recebeu apenas 9,67% dos votos, terminando em quarto lugar.
As tensões entre Pietá e o PT não ficaram apenas nos bastidores. A sigla chegou a rotular o ex-prefeito como “traidor” e permitiu que a militância escolhesse seu candidato preferido no segundo turno. No entanto, dias depois, o PT voltou atrás e emitiu uma nota oficial, pedindo aos eleitores que votassem em Pietá, com o objetivo de barrar a ascensão de Sanches. Esse apoio, contudo, é visto por muitos como “rancoroso”, evidenciando as dificuldades de conciliar o passado de Pietá no partido com a necessidade de derrotar um adversário sem as tradicionais alianças políticas.
Cenário eleitoral e a fragmentação de votos
Além de Sanches e Pietá, o primeiro turno em Guarulhos foi marcado por uma fragmentação significativa de votos. Márcio Nakashima (PDT) obteve 6,55%, enquanto Waldomiro Ramos (PSB) terminou com 0,59%. Essas fatias, embora pequenas, podem ser decisivas para a definição do segundo turno, sobretudo com a movimentação do eleitorado petista em direção a Pietá.