Minha amiga e ex-colega do SBT, Denise Campos de Toledo, hoje comentarista de economia e assuntos gerais na Rádio Jovem Pan, cunhou uma expressão interessante para definir os fiéis seguidores do presidente Jair Bolsonaro: “Bolsonaristas de Raiz”.
Embora não muito original, a definição retrata com fidelidade os eleitores que acreditaram no capitão da reserva desde o princípio. E o seguiram pelo que ele representava. Pelas posições extremadas como a exaltação ao regime militar, a adesão à posse e porte de armas, pena de morte, bandido bom é bandido morto, enfim, conceitos que caracterizam a extrema direita que, até agora, por falta de oportunidade, não havia se manifestado.
Essa direita sempre existiu, mas por absoluta falta de quem a empurrasse, se mantinha na sombra.
Sou de uma geração que, embora sendo, ninguém razoavelmente bem informado, se assumia como “de direita”. Era vergonhoso. A direita era Arena, PDS, os partidos criados artificialmente pela ditadura para dar suporte ao regime. Era pertencer ao CCC, o Comando de Caça aos Comunistas. O bonito, o bacana, era ser de esquerda. E nem os líderes políticos que davam apoio aos militares se assumiam “de direita”. Repito: era vergonhoso.
O PT escolheu Bolsonaro
Voltando à Denise, tenho por mim que esse “bolsonarismo de raiz” congrega o pessoal de primeira hora que resolveu se assumir encorajado pelo líder irreverente e desbocado. Quem teria coragem de elogiar o Coronel Ustra, chefe da tortura do Doi Codi? E quem teria coragem de seguir alguém com capacidade para tanto?
O PT acreditou que eram poucos, por isso torceu para Bolsonaro chegar ao segundo turno para enfrentar Fernando Haddad. E se deu mal.
Só que o povão que sustentou Bolsonaro enxugou. E estamos ainda no primeiro ano do mandato.
Essa pesquisa divulgada ontem da CNT-MDA aponta que o desempenho do presidente caiu mais de vinte por cento em pouquíssimo tempo dando a entender que Bolsonaro acabará ficando mesmo com o seu pessoal “de raiz”.
Há ainda, é claro, gente que considera ruim o governo, mas acredita que, se o PT tivesse ganhado a eleição seria muito pior. São os que rejeitaram a volta de Lula, Dilma, Zé Dirceu, Gleisi Hoffmann…
Já imaginou, se perguntam, o que esse povo faria hoje mandando no país? Lula governando da prisão em Curitiba?
Fica claro que os apoiadores da Lava Jato, de Sergio Moro, já estão deixando o barco. O barco de Bolsonaro, é claro. Antes mesmo do ex-juiz de Curitiba jogar a toalha.