José Carlos Amaral Kfouri, o Juca Kfouri, é um dos melhores e mais respeitados jornalistas do Brasil. E já vou avisando que nenhuma de suas posições, abertamente progressistas e engajadas no que a gente chama de lulopetismo, é capaz de inibir a admiração que nutro por ele, desde quando nos conhecemos cobrindo a Copa do Mundo da Espanha, em 1982.
Note-se que não adjetivo o jornalista com a qualificação de “esportivo”.
Corintiano e dedicado à cobertura esportiva, Juca é bom jornalista, antes de tudo. Aos 69 anos, dono de uma carreira de fazer inveja a qualquer um de nós, Juca Kfouri sabe escrever. E muitas vezes, emociona.
Na segunda-feira ele assinou um artigo na Folha de S. Paulo enaltecendo a decisão do ex-presidente Lula em não ceder à Justiça em não querer deixar a cela na Polícia Federal e ir para o regime semiaberto.
“Reconheça-se a grandeza de se recusar a ser solto”, escreveu Kfouri, num texto em que afirma não ser lulista, dizendo em seguida: “deixo apenas o testemunho de quem gosta de Lula”. Beleza.
Belo texto, o de Juca.
Nele, o jornalista deixa claro que Lula é mais do que um ex-presidente, é um ser humano extremamente honesto. É preso político. Não é criminoso, nem corrupto.
É como Mandela, se atrevem a comparar lideranças petistas, escondendo que o líder sul-africano permaneceu a maior parte da vida atrás das grades por motivos nobres. Não foi corrupção, nem lavagem de dinheiro.
Custo a entender como gente com a capacidade de saber, muito mais do que o brasileiro médio sem acesso a uma educação aprimorada como os 90% de todos nós, se recusa a aceitar como verdadeiras as condições que esse país se submeteu ao longo desses longos anos de assalto.
Não é necessário lembrar. Mas só da Petrobrás levaram 88,6 bilhões. E o que saiu da Eletrobrás? Dos correios? Do BNDES? De onde mais? Os bilhões canalizados para os “países amigos”, sem retorno.
O apoio insensato à Venezuela, Cuba e ditadores da África (com dinheiro nosso).
A Justiça já condenou praticamente todos os tesoureiros e marqueteiros petistas. Muitos deles, além de confessarem, já devolveram milhões de dólares aos brasileiros, produto de desvios vindos das empreiteiras. Lembra-se de João Santana? Era dinheiro pra fazer campanhas do PT e seus aliados.
E a quantia que já voltou dessas empreiteiras? Não tem prova maior de um crime de roubo do que o ladrão devolver o dinheiro. Não é verdade?
E as “palestras” de 400 mil reais pagas pela Odebrecht?
Será que é tudo mentira, Juca? Estamos todos errados ao acreditar nisso?