Da Redação
O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), recebeu alta médica após 23 dias de internação e deve sair do Hospital Sírio-Libanês ainda hoje. Segundo a junta médica que o acompanha, o prefeito terá restrições, mas poderá despachar e receber visitas em seu gabinete. Não poderá, porém, participar de eventos com grande aglomeração de pessoas.
“Ele pode retomar a rotina da vida dele, mas, na vida pública, deve guardar energias”, disse o infectologista David Uip, médico que chefia a equipe que o acompanha. “A recomendação é que ele permaneça em casa no fim de semana e volte ao gabinete na segunda-feira”, disse em uma entrevista coletiva ocorrida no Sírio, nesta quinta.
A equipe médica informou que ele deve retornar ao hospital novamente em cerca de duas semanas, para realizar a terceira sessão de quimioterapia. Para isso, ele deverá ficar internado por três dias. Por enquanto, uma eventual cirurgia está descartada.
“No começo de dezembro, ele retorna ao hospital para fazer o acompanhamento do tumor e aí serão definidas as próximas etapas do tratamento”, explicou Uip.
Os médicos relataram que Covas reagiu bem e não teve efeitos colaterais da quimioterapia, mas informaram que ainda não é possível saber se o tumor regrediu ou não com a quimioterapia. Isso será avaliado só ao final da terceira sessão, nos exames de dezembro.
Covas estava internado desde o dia 23 de outubro. Inicialmente, ele se queixava de uma infecção de pele na perna direita, diagnosticada como uma erisipela. No hospital, porém, os médicos descobriram uma trombose na perna, motivo que o fez ficar internado.
Nos dias posteriores, o trombo (coágulo) subiu para os dois pulmões, causando no prefeito uma tromboembolia pulmonar. David Uip explicou que esse diagnóstico, em geral, pode estar associado a outras doenças, o que fez com que os médicos fizessem uma investigação complementar que motivou série de exames em Covas. Depois de uma endoscopia e uma laparoscopia, os médicos localizaram um tumor na cárdia, local de transição entre o esôfago e o estômago.
Esse tumor havia sofrido metástase (se dividiu e se espalhou) e atingido também o fígado e gânglios linfáticos da região abdominal. A doença foi classificada como “traiçoeira”, uma vez que havia surgido e se espalhado antes de causar novos sintomas.
Dado o diagnóstico, os médicos sugeriram a Covas um agressivo processo de quimioterapia, que foi aceito de pronto pelo prefeito. A primeira sessão de quimioterapia, de um total de três, ocorreu no dia 29 de outubro. A segunda sessão terminou nesta quarta-feira (13).
A previsão original era que Covas pudesse ter tido alta médica após a primeira quimioterapia, mas a descoberta de mais um coágulo, desta vez no átrio direito, uma parte do coração, manteve o prefeito internado por mais uma semana, o que o deixou no hospital entre as duas sessões. O coágulo se formou próximo à ponta do cateter que, introduzido no corpo do prefeito, lhe forneceu o medicamento para a quimioterapia.
Imagem: Rovena Rosa/Agência Brasil