Coluna Livre com Hermano Henning

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A notícia não é nova, mas é sempre bom lembrar. A Operação Lava Jato, cujos integrantes são taxados de “canalhas” pela cúpula do PT, e seu líder maior, Sergio Moro, é chamado de “juiz Ladrão”, conseguiu, com o seu trabalho contra a corrupção, trazer de volta para os cofres públicos quatro bilhões de reais. Dinheiro desviado pelas propinas e que saiu da Petrobrás e outras estatais. Só isso já é o suficiente para afirmar, com segurança, que existiu aqui um dos maiores esquemas de corrupção e de assalto ao Estado em todo o mundo.

Senão, respondam: qual o roubo de dinheiro público que, pelo menos, chegou perto dessa quantia na história?

Não existe maior relevância na confissão do que o fato do acusado devolver o produto do assalto. Ou não?

Lembrei-me dessa história ontem ao ouvir a entrevista que o ex juiz de Curitiba deu à bancada do Jornal da Manhã, da Rádio Jovem Pan.

Ouvi com atenção porque sei que as entrevistas de Moro são raras. E ontem ele foi de um assunto ao outro com desinibição, parecendo estar bastante à vontade. Até mesmo quando lhe perguntaram como estava se sentindo ao ter o nome lançado como vice numa hipotética chapa liderada pelo presidente para tentar a reeleição.

Cá entre nós, a simples citação do nome de Sergio Moro como candidato a vice de Bolsonaro indica uma estratégia bem definida. Dá um reforço considerável à tese de suspeição que persegue o ex-juiz desde que aceitou o convite pra ser ministro da Justiça. O pagamento pela prisão do ex-presidente Lula reforçado agora com essa história de vice.

Moro, pela enésima vez, falou das razões que o levaram a integrar a equipe do governo. Citou a confirmação da sentença da prisão do ex-presidente por duas instâncias além da condenação da Lava Jato – seriam os desembargadores também suspeitos? Negou com veemência a intensão de ser candidato a qualquer coisa.

Mas a arma parece boa para ser utilizada na tentativa de derrubar o trabalho da Lava Jato no Supremo. Principalmente quando julgarem por lá a suspeição do juiz pedida pela defesa de Lula. Nessa briga vale tudo.

Uma briga que aparenta estar cada vez mais escancarada. Um dos adversários da Lava Jato no Supremo é extremamente capaz.

Gilmar Mendes, o ministro libertador, deixa claro em entrevista concedida ao portal de notícias Uol, que há presos demais no Brasil. Mendes é inimigo mortal da prisão depois da condenação em segunda instância.

A prisão, nessas condições, foi a grande arma para levar gente poderosa para a cadeia. E trazer de volta esses quatro bilhões.

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