O presidente Jair Bolsonaro, exercitando mais uma vez a sua já consagrada capacidade de dizer asneiras, falou ontem que jornalista “é uma raça em extinção”. Há quem acredite nele.
Eu, cada vez mais, me convenço que nossa realidade, nos dias de hoje, mostra justamente o contrário. Sinto que há cada vez mais gente se considerando jornalista neste mundo. Está aí a internet com seus infinitos “profissionais”.
Voltemos ao que interessa. O presidente se mostra indignado com o que se fala e escreve sobre ele. Não foge àqueles que o antecederam. Desde Getúlio Vargas todos eles reclamaram. E, muitas vezes, como Bolsonaro, com atitudes infantis.
Não é preciso ir tão longe. Teve um até que se mostrou disposto a expulsar o correspondente do The New York Times porque ele se atreveu a escrever uma reportagem sobre o conhecido hábito de exagerar na bebida. Aconteceu em 2004, com Larry Rohter.
Críticas de jornalistas e colunistas nunca foram bem-vindas por quem está no poder. Político gosta mesmo é daquele pessoal que só se manifesta com elogios. Geralmente assessores que querem compensar a incompetência com o conhecido puxa-saquismo.
A imprensa livre é sempre encarada como inimiga.
Lembrei-me da palavra de ordem do então poderoso José Dirceu, estrela petista, querendo estabelecer uma lei de controle da mídia. Queria começar pela Rede Globo, descer para os outros canais e chegar aos jornais impressos, deixando-os sob o poder de controle editorial a ser exercido pelos “movimentos sociais”. Leia-se sindicatos, CUT, e organizações ligadas ao PT.
Teve até colegas nossos que embarcaram na canoa. Jornalistas de nome. E se a gente der uma passada pela sede de nosso sindicato, aqui em São Paulo, identificará facilmente que a ideia ainda tem seguidores. Na época do poder petista não deu em nada. Ainda bem.
Getúlio foi mais inteligente. Apelou para um competente jornalista e lançou o combativo “Última Hora”. A ideia parece ter sido: “já que quase todos metem o pau em mim, vou ajudar quem me elogia”.
A “ajuda” foi um belíssimo empréstimo dado pelo Banco do Brasil ao saudoso Samuel Wainer.
O lulo-petismo tentou algo parecido junto com a CUT, a Central Única de Trabalhadores, um dos braços do partido. Fundaram uma emissora de TV na região do ABC. Só que ninguém vê. Assim como aconteceu com a TV Brasil, a “TV do Lula” da EBC, responsável também pelo conhecido programa de rádio “A Voz do Brasil”.
Só que, ali, a influência é sempre transitória. O poder de decidir sobre a notícia está sempre com o governo de plantão. Ele muda de mãos. Mais uma vez: ainda bem!