São Bernardo do Campo é um dos três maiores municípios do estado, sem contar a capital. Só perde para Guarulhos e Campinas. O ex-vereador e ex-deputado estadual Orlando Morando, 45 anos, exercendo seu primeiro mandato na chefia do Executivo, apesar da idade, já tem uma longa carreira na política. É casado com a fisioterapeuta Carla Morando, ela própria cumprindo mandato na Assembleia Legislativa como deputada. Milita no mesmo partido do marido, o PSDB.
É um casal de políticos que ascendeu na vida pública do Município nunca se afastando de um objetivo: combater o PT.
Comentei, numa conversa com ele ontem, ser impressionante o fato de um partido que tem na cidade o seu berço, nascido de um movimento sindical importantíssimo na história do país, ter enfrentado ali um desgaste tão violento, a ponto de não ter sequer um candidato competitivo nas eleições municipais deste ano.
Lembrou o prefeito de São Bernardo que isso não aconteceu só ali. Ele próprio citou o exemplo de Guarulhos cuja explosão petista nas urnas se deu antes até da eleição de Luiz Inácio Lula da Silva como presidente e depois se evaporou.
Atrás de São Bernardo e Guarulhos seguiu todo o ABC, tido há alguns anos como o principal reduto da esquerda brasileira representada principalmente pelo movimento sindical. Movimento que teve em Lula o seu maior e destemido personagem. Onde estão agora esses votos?
O lulo-petismo os procura em todos os cantos. E cada vez parece mais difícil encontrá-los.
Só há uma razão, lembra o prefeito de São Bernardo: a corrupção. Foi o que derrubou Lula levando todo o PT junto.
— A Lava-Jato destruiu o partido.
O prefeito diz que é exatamente daí que vem o ódio petista dirigido ao ex-juiz Sergio Moro. Amado por uns, detestado por outros. “Ninguém fica impune depois de colocar um ex-presidente na cadeia”, diz.
Em Guarulhos, o prefeito de São Bernardo não se arrisca a dar um prognostico. Lembro que o PT, na cidade, ainda está vivo, tem um candidato competitivo. Mas em São Bernardo, o partido “meteu os pés pelas mãos”, segundo ele. “Aqui teve corrupção e corrupção brava”, garante.
Ele não confirma, mas é fácil entender que será candidato à reeleição. Fecha com João Doria numa pretensa campanha para levar o governador tucano para Brasília em 2022. “Não há melhor candidato”, diz, achando que muita coisa deve mudar no partido: “A começar pela expulsão de Aécio Neves”.
Orlando Morando diz que votou em Bolsonaro na eleição passada. E justifica: “Não tive escolha”.