Da Redação
Desde a sua exoneração do comando da Secretarias de Educação, Cultural, Esporte e Lazer (Secel), o vice-prefeito, Alexandre Zeitune (Rede), experimenta uma verdadeira crise política que a cada dia ganha um novo capítulo.
Na época da exoneração, em setembro do ano passado, Zeitune era cotado como possível candidato pela Rede ao Governo do Estado.
No entanto, nos últimos meses uma série de acontecimentos fizeram o ex-secretário de uma das maiores pastas da prefeitura se ver em uma investigação que apura suposta extorsão para sua possível campanha ao Palácio dos Bandeirantes.
Confira abaixo a cronologia com os principais acontecimentos que o envolvem em uma crise política.
Débitos da Educação com FNDE impossibilitam recebimento de verbas
Logo após sua saída, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) informou que Zeitune deixou a Secel em débito com a União, impossibilitando o recebimento de verbas para a construção ou reforma de escolas municipais. Além disso, não foi elaborado e/ou adequado o plano municipal de educação nos termos do que determina o artigo 8º da Lei 13.005/14, impedindo a educação municipal de receber investimentos do governo federal.
Obras da Educação são bloqueadas
Na mesma época, surgiram informações de inúmeras obras vinculadas a Secel haviam sido bloqueadas. Em uma delas, a municipalidade teria recebido o repasse de R$ 320,7 mil, valor correspondente a 66% do acordado, tendo apenas 51,61% sido executada até então. Em outro caso, houve o repasse de R$ 1,5 milhão para a construção de uma escola municipal, correspondendo 50% do total do contrato, contudo, apenas 16,51% avançaram, e na gestão de Zeitune foi paralisada. O FNDE informou ainda que a Secel teria recebido R$ 1,4 milhão para a construção de duas escolas de educação infantil, correspondendo 50% da obra, mas só teria executado 35,5% do projeto. E ainda que teria sido repassado R$ 1,3 milhão, o que corresponde a metade de outro contrato, mas que somente 43,26% teria sido executado.
Equipamento de espionagem é encontrado na Secel
Em menos de um mês da exoneração de Zeitune, servidores da prefeitura encontraram um equipamento de espionagem escondido na sala de Marli Nabas Lopes – que substituiu Zeitune no comando da pasta. O equipamento foi localizado dentro de um duto de ventilação. Um inquérito policial foi instaurado e o material encaminhado para a Polícia Científica para ser periciado.
Artistas fazem abaixo-assinado para que Zeitune desocupe imóvel da Cultura
Em novembro de 2017, Zeitune se envolveu em outra polêmica. Desta vez, com artistas da cidade que exigiam que o vice-prefeito desocupasse o prédio da antiga Câmara Municipal, localizado na praça Getúlio Vargas. Os artistas recolheram mais de 700 assinaturas de populares, além de personalidades artísticas da grande mídia. Ele deixou o imóvel no mesmo mês.
Viagem luxuosa a Miami
Em dezembro de 2017 veio a tona uma viagem luxuosa feita por Zeitune à Miami, Estados Unidos. Ele teria gasto mais de R$ 120 mil durante o período em que esteve fora. Em sua defesa, ele alegou que os gastos foram inferiores a R$ 10 mil, custeados exclusivamente com os seus rendimentos como advogado.
Câmara instaura CEI para apurar suposta extorsão
Em fevereiro de 2018 a Câmara Municipal instaurou uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para apurar uma suposta extorsão envolvendo a pré-campanha de Zeitune ao Governo do Estado de São Paulo. Segundo áudios recebidos pelo vereador Marcelo Seminaldo (PT), Zeitune receberia R$ 7 milhões e outros R$ 5 milhões seriam direcionados a campanha da presidenciável Marina Silva (Rede). No total 33 vereadores assinaram favoravelmente a instauração da CEI que ainda está dando seguimento aos trabalhos de investigação.
Tenório desmente que Zeitune tenha sido ameaçado
Nesta semana, Zeitune foi desmentido quanto a uma suposta ameaça feita pelo prefeito Guti. Isso porque ele teria registrado um boletim de ocorrência contra o prefeito alegando que o ex-secretário de Habitação, Waldemar Tenório, teria sido o portador de uma mensagem onde Guti teria dito que se Zeitune não parasse de fazer denúncias contra o governo municipal, ele divulgaria um vídeo contra sua integridade moral e que poderia lhe prejudicar politicamente. Contudo, no último dia 12, Tenório prestou esclarecimentos na Delegacia Seccional informando que não foi portador de qualquer ameaça formulada pelo prefeito.
De acordo com o advogado Cristiano Medina, diante das divergências das versões apresentadas por Tenório e Zeitune, há elementos suficientes para a instauração de uma CEI a fim de apurar a existência ou não de crimes de responsabilidade. “Assim, os órgãos competentes devem apurar com muita lisura e imparcialidade quem está dizendo a verdade, pois, se não houve ameaça ou constrangimento ilegal pode ter ocorrido outros crimes que produzem seus reflexos também nas esferas cível e administrativa”.
Foto: Rômulo Magalhães