Meu amado e saudoso padrinho Agostinho do Espírito Santo Raposo (1929-1996) costumava dizer que o verdadeiro “ser inteligente” é aquele que somente pratica o bem. Homem bastante sábio, ele percebeu cedo que inteligência é a arte de descobrir o caminho mais curto para se atingir uma meta. E como o principal objetivo da vida é ser útil, somente será bem-sucedido aquele que fizer o bem sem olhar a quem. Este histórico período de confinamento compulsório será lembrado como aquele em que nós tivemos a oportunidade de nos aprimorarmos na senda da sagrada convivência com os nossos entes queridos.
A eterna lei de ‘ação e reação’ está em evidência. A natureza, a nossa melhor mestra, também nos concede a graça da sabedoria e nos aponta a estrada: plante sementes de bem; a colheita será doce e farta. Mesmo em tempos desafiadores como este que nós estamos vivendo, ao agirmos com o coração repleto de caridade para com o nosso próximo, nós crescemos espiritualmente. Há situações bastante complexas para alguns, mas nenhum problema que tenhamos nesta “passagem” pode nos afastar da maior missão terrena: servir aos outros.
Todas as religiões ensinam que a humildade é fundamental, e que o maior dos líderes é o primeiro a ser útil. O mundo está repleto de seres humanos que sabem o que é preciso ser feito para nós atingirmos a perfeição. Contudo, das palavras à ação existe considerável distância. Se queremos ensinar uma lição a alguém, sejamos como faróis a iluminarmos o mundo com o nosso exemplo, com as nossas atitudes.
Outro ponto importante: em situações de crise, não adianta esperar que os governantes resolvam tudo. Apesar de alguns se esquecerem disso, vivemos em um país democrático, onde “todo poder emana do povo e em seu nome será exercido”. Ou seja, depende de nós para que as coisas sejam realizadas, sob o risco de sermos punidos por omissão pela nossa própria consciência. Quem ama a Deus, ama também a todos os irmãos e irmãs.
“Para viver um grande amor, preciso é muita concentração e muito siso (bom senso), muita seriedade e pouco riso”, escreveu o poeta Vinícius de Moraes. Para fazer da vida um exemplo de amor é preciso praticar a doação. Como em tudo na vida, só chegaremos à perfeição se praticarmos persistentemente. A melhor ilustração é a chegada do descendente. Os pais da criança fazem tudo o que é necessário para que ela cresça com saúde, alegria e paz interior. Missão divina!
Diariamente, depositemos “atos de amor” na caderneta de poupança da Vida. O resultado de tudo isto será uma pessoa mais humana, mais consciente de sua importância, mais integrada à comunidade e, consequentemente, claramente mais amorosa.