Vídeos de animais fazendo sucesso na internet já
nem são mais novidade. Gatinhos derrubando objetos decorativos das estantes,
cachorros que perseguem o próprio rabo por horas. Os personagens e as situações
mudam, no entanto, durante a pandemia do novo coronavírus, as situações
engraçadas passaram a ser vistas com mais frequência graças às diversas lives
que são realizadas diariamente – e que os bichos adoram invadir. Afinal, agora,
os donos estão mais tempo em casa. “Estar em casa afeta o comportamento
dos pets e é por isso que eles acabam fazendo essas ‘participações
especiais'”, explica a veterinária Juliana Damasceno. “É uma
tentativa de chamar a atenção do tutor.”
O jornalista Fernando Gabeira, comentarista da
GloboNews, já percebeu como os seus gatinhos são capazes de chamar a atenção
não só dele, mas também dos telespectadores durante suas entradas ao vivo.
“Eles são muito falados e fotografados. Há quem reclame quando eles não
aparecem. Acham que os estou escondendo. Mas são absolutamente livres, aparecem
quando querem Não posso nem quero controlá-los”, conta.
De acordo com o jornalista, ele e a mulher,
Neila Tavares, vivem com quatro gatos em casa e mais quatro no escritório de
Neila, onde ela trabalha o dia todo, mesmo na pandemia. “No prédio em que
a gente mora, um belo dia me perguntaram se eu poderia acolher um gato que
tinha sido abandonado. Assim começou a nossa vida de ‘gateiros'”, brinca.
A veterinária explica que a grande maioria dos
animais vai se beneficiar da presença constante do humano dentro de casa.
“Não é que eles estejam mais carentes, mas como é benéfica essa presença,
o animal vai requerer a atenção. Cabe ao tutor tornar essa interação
rotineira”, explica.
Mas claro que é preciso tempo para que os
animais – e nós mesmos – se acostumem com a situação. “O Fernando
(Gabeira) viajava muito antes de a pandemia começar. Depois que ele passou a
ficar em casa, eles (os gatos) ficaram mais grudados ainda. Acho que têm medo
de que ele vá embora de novo”, conta Neila.
Algo parecido aconteceu com o conselheiro
Antonio Roque Citadini durante a sessão virtual do Tribunal de Contas do Estado
de São Paulo (TCE) em 14 de julho. Bravo, seu dogue alemão de cinco anos,
decidiu pedir um pouco de carinho justamente quando ele estava lendo o seu
voto. De acordo com Citadini, o cachorro não o via havia três meses, pois
estava no interior de São Paulo. “Ele voltou na segunda-feira e está muito
apegado a mim porque ele tinha uma vida muito agradável em casa, e achou que
tinha sido abandonado. Quando voltou, aonde eu ando ele anda atrás”,
comentou ele em entrevista ao E+. Ao notar as risadas dos colegas, o conselheiro
brincou: “Esse é o meu cachorro. Justo agora ele me aparece aqui. Vá para
lá”.
Apesar de acontecer sem aviso, a maneira do
conselheiro se comportar perante o animal foi a correta. De acordo com a
veterinária, não é indicado brigar nem afagar o animal nesses momentos, pois
isso pode reforçar o comportamento. “A gente precisa que o contato do
tutor seja positivo, consistente e previsível”, ensina ela.
Ou seja, durante o home office, o carinho e as
brincadeiras com o animal devem ser dadas no momento certo e não quando ele
quiser receber ou nós estivermos com vontade de dar. Caso seja hora de
trabalho, não dê tanta atenção ao seu animal. “É ideal que o gato tenha um
lugar próximo do local de trabalho dos tutores. Já para os cachorros,
comedouros recheáveis prendem a atenção”, indica também.
Mundo afora
Nos casos citados acima, a participação dos
bichanos foram pontuais. Mas em outros vídeos virais da internet, as
interrupções foram um pouco mais chamativas. Como o caso de Brody, a golden
retriever do meteorologista Paul Dellegatto do canal americano FOX 13 News.
Durante a chamada ao vivo, a cachorra danificou o computador e impediu que os
gráficos de mapas fossem exibidos, fazendo com que o jornalista fosse obrigado
a narrar, em vez de mostrar, as mudanças do tempo.
Já a jornalista Doris Bigornia, da DMZZ
Teleradyo, uma emissora fechada da televisão filipina, foi interrompida pela
briga intensa de seus gatos. A comunicadora, antes calma, perdeu a
concentração, mas manteve a compostura. Isso, porém, não impediu que o vídeo se
tornasse viral.
No Reino Unido, um gatinho bebeu o leite do
padre Robert Willis, diretor da catedral de Canterbury, durante uma das orações
matinais ao vivo que ele faz para os seus espectadores. Provando que a situação
não acontece somente com jornalistas ou durante entrevistas, mas sim com
qualquer um que planeja fazer um vídeo ao vivo. Aliás, em tempos de isolamento
social, quem não tem pets pode muito bem ser interrompido pelas crianças, mães,
pais ou esposas. Home office, afinal, também é lidar com imprevistos.
Home office pode significar ter reunião ou live invadida por animais de estimação
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