O arroz e o feijão continuam sendo o carro-chefe da
dieta brasileira, em geral acompanhados de alguma proteína animal, segundo
números da nova Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), do IBGE. No entanto,
segundo o instituto, entre o levantamento de 2008/2009 e este último, de
2017/2018, houve redução no consumo desses alimentos e aumento na ingestão de
fast-food.
A frequência do consumo de arroz, por exemplo,
ainda é predominante, mas caiu de 82,7% para 72,9%. A do feijão, de 72,1% para
59,7% e a de carne bovina de 43,8% para 34,6%. A de frutas também se reduziu de
45,4% para 37,4%. Na contramão dessa tendência, a frequência na ingestão de
sanduíches e pizzas cresceu de 10,5% para 17%.
Ainda assim, os alimentos consumidos diariamente
pelos brasileiros são, na maioria, naturais ou minimamente processados – o que,
na avaliação dos especialistas, também é positivo. Mas esse modo de vida pode
estar ameaçado pela comida ultraprocessada.
“Alimentos ultraprocessados – os quais,
segundo o Guia Alimentar para a População Brasileira, deveriam ser evitados –
somam cerca de um quinto das calorias consumidas. A maior participação de
alimentos ultraprocessados, em relação ao total calórico, foi para adolescentes
(26,7%), sendo intermediária entre adultos (19,5%) e menor entre idosos
(15,1%)”, acrescenta a pesquisa.
Para André Martins, um dos técnicos responsáveis
pelo trabalho, há problemas na alimentação básica dos brasileiros. “O
consumo de frutas já era aquém do esperado em 2008 e continua. O consumo de
legumes e verduras está abaixo do esperado e ainda há um aumento na ingestão de
sanduíches e refeições rápidas, sobretudo no caso dos adolescentes.”
Novos hábitos
Há um ano e meio, o servidor público Leandro
Rocha, de 39 anos, decidiu mudar sua alimentação. Deixou de lado alimentos
prontos e embutidos e introduziu salada crua nas refeições. “Passei a consumir
todos os tipos de folhas. Alfaces, rúcula, couve, agrião, folhas de beterraba,
acelga e repolho. Antes disso, raramente comia alguma folha.”
A mudança aconteceu por dois motivos: vontade de
emagrecer e prevenir doenças decorrentes do aumento de peso. “Consegui
perder mais de 10 quilos. Hoje estou com 78 quilos.” Há um ano, Rocha
também tirou o refrigerante. “No começo foi difícil, mas após uns dois
meses me acostumei.”
Fast-food avança na dieta dos brasileiros, mostra IBGE
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