A Volkswagen Caminhões e
Ônibus (VWCO) iniciou no Brasil a produção de caminhões extrapesados, segmento
que mais cresce em vendas e no qual ainda não atuava com a marca alemã. O
desenvolvimento do produto nos últimos quatro anos exigiu a nacionalização do
motor, uma nova linha de produção na fábrica de Resende (RJ) e consumiu R$ 1
bilhão do plano total da empresa de aplicar R$ 1,5 bilhão de 2017 a 2021.
A empresa mostrou ontem os três novos caminhões,
dois inéditos, chamados de Meteor, e uma versão fora de estrada da linha
Constellation. As vendas começaram ontem mesmo e, segundo a montadora, 210
unidades já foram encomendadas por duas transportadoras.
Para dar conta desses pedidos e de outros feitos
recentemente de variados produtos, a VWCO chamou de volta para a fábrica o
pessoal que estava com contratos suspensos desde o início da pandemia da
covid-19 – equivalente a 30% de sua mão de obra.
Agora, a fábrica atua com o quadro completo de
cerca de 3 mil pessoas, incluindo funcionários das empresas que operam dentro
do complexo industrial, no chamado consórcio modular. Apenas o pessoal da área
administrativa segue com jornada e salários reduzidos em 25%, informa Roberto
Cortes, presidente da companhia.
Segundo o executivo, R$ 500 milhões do total
investido foram para as mudanças na fábrica, que, além da nova linha de
montagem, recebeu novos equipamentos (incluindo robôs) e centro logístico.
“Agora temos uma linha completa de produtos que atendem o transporte de
cargas de 3,5 a 125 toneladas”, afirma Cortes.
A empresa já tinha produtos nesse segmento, mas
da marca alemã MAN, com alto índice de conteúdo importado. Junto com a
Volkswagen e a Scania, a MAN pertence à holding Traton. “Os novos
caminhões têm o maior índice de nacionalização do mercado”, afirma Cortes,
que entretanto não revela porcentuais por se tratar, segundo ele, de
“segredo industrial”.
Os três novos modelos custam entre R$ 540 mil e
R$ 590 mil. O caminhão mais caro da empresa continua sendo o MAN TGX, que custa
R$ 625 mil e vai se manter no nicho de veículo premium.
Mercado
Nos últimos quatro anos, as vendas de caminhões
pesados mais que triplicaram, passando de 15,2 mil unidades em 2016 para 51,8
mil em 2019 – metade de todas as vendas de caminhões no País, segundo a
Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
Do total de pesados vendidos no ano passado, 90%
eram extrapesados, que têm capacidade maior de carga e são usados
principalmente pelo setor agrícola no transporte de grãos, cana e grandes
equipamentos. A VWCO tem apenas 12% de suas vendas voltadas a esse segmento.
Com os novos produtos, quer ficar próxima das fatias que detém nas vendas de
caminhões médios, pequenos e grandes, que variam de 38% a 46%.
Cortes acredita que o mercado de caminhões neste
ano registrará queda inferior à prevista pela Anfavea no início da pandemia, de
quase 40% em relação ao total de 101 mil unidades vendidas em 2019. “A
queda não será dessa magnitude, mas ainda é cedo para falar em novo
porcentual”, diz o presidente da companhia.
Volks investe R$ 1 bi em nova linha de caminhões
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