Um dos efeitos benéficos da desgraça foi a disseminação do uso da internet para atender às finalidades da educação. Por mais se possa lamentar o distanciamento físico, a ausência das brincadeiras com os colegas, na verdade o ensino híbrido mostra-se eficiente. O conteúdo disponibilizado é infinitamente superior ao contido numa aula prelecional. O que importa agora é corrigir as falhas, disseminar a conectividade e treinar os professores para que a transmissão virtual de conhecimento seja valioso instrumento de preparação das novas gerações.
É urgente a inserção adequada de todos os protagonistas do universo educacional no ambiente tecnológico. Não basta ensinar a manejar os mobiles, sejam smartphones, tablets, notebooks ou computadores pessoais. Isso os millenials já sabem e muito melhor do que a minha geração. Mas eles precisam aprender programação, servir-se das funcionalidades disponíveis, criar outras, gerar aplicativos.
O mundo da internet oferece potencialidades infinitas, com a disponibilização de games, apps, uso da robótica e de drones, labs, aprender todos os desafios que separam o universo real do universo digital. Todos precisam saber o que significa realidade virtual, distinguindo-a da realidade aumentada.
A Inteligência Artificial já está presente em nossa vida e os jovens precisam ter contato mais próximo com ela, que é poderosa auxiliar na apreensão do saber e no controle de tecnologias que tendem a escapar à contenção dos seres humanos. Diz-se mesmo que a Inteligência Artificial seria a última descoberta dos homens.
A partir daí ela própria cuidaria de explorar outros campos, criando realidades inimagináveis e nem sempre de acordo com as expectativas de comportamento que os racionais têm, quando pensam em máquinas. O que se esperaria de uma Internet das coisas, que pode produzir quase tudo customizado, desde órgãos para reposição no corpo humano, como roupas, casas, ferramentas. A criatividade ensejará uma customização conducente à flexibilização da ideia de fabricação padronizada.
A criptografia, o blockchain, o bitcoin, a biometria, tudo isso junto e combinado, lançam um repto aos educadores e também aos educandos.
É o momento propício a uma completa renovação dos métodos de ensino e aprendizado. A nova geração, que já nasce com chips e tem desenvoltura ímpar, será uma parceira no constante ajustamento das gerações mais experientes, que encontram dificuldades para absorver este notável, admirável e assustador mundo novo.
Quem não se compenetrar de que a escola de antanho já morreu e deixar de assumir novas posturas, para cuidar das tecnologias contemporâneas e das que ainda vierem, estará condenado a também perecer.
Após a Quarta Revolução Industrial, nada mais será a mesma coisa neste planeta. Inclusive e, principalmente, a escola.
José Renato Nalini
Reitor da Uniregistral, docente da Pós-graduação da Uninove e presidente da Academia Paulista de Letras (APL)