Após renegociarem quase R$ 1 trilhão em contratos de empréstimos no ano
passado, suspendendo mais de R$ 146 bilhões em parcelas de financiamentos, os
maiores bancos do País já começam a identificar novas dificuldades dos clientes
na segunda onda da pandemia. Embora o consenso do setor financeiro seja de que
a crise atual será menos profunda do que em 2020, algumas instituições se
preparam para uma nova rodada de medidas de apoio ao crédito de empresas e
famílias.
Segundo o economista-chefe da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Rubens
Sardenberg, a perspectiva agora é de que, embora a pandemia esteja mais forte
em 2021, o efeito para a economia deve ser mais concentrado. “Há
perspectiva de vacinação, que ainda que lamentavelmente esse processo esteja
atrasado. Mas há a perspectiva de que a situação vai melhorar a partir do
segundo semestre.”
Ele admite, porém, que há alguns sinais de alerta no horizonte. “Alguns
bancos já estão em processo de renegociação – não amplo, mas focado. Não
adianta cobrar um dono de restaurante que não pode abrir”, diz o
economista da Febraban.
O diretor executivo do Bradesco, José Ramos Rocha Neto, conta que o banco
sequer chegou a fechar as portas da renegociação de crédito desde o início da
pandemia. “Por mais que o sistema permaneça aberto desde o ano passado,
muitas vezes o cliente não se lembra dessa opção. Quando vejo que há uma
redução no fluxo de caixa de uma empresa, posso já oferecer a
prorrogação”, diz.
Ainda assim, Rocha acredita que as dificuldades dos correntistas do Bradesco
serão menores neste ano. “Boa parte das empresas criou alternativas para
continuarem abertas e hoje já estão preparadas para atuar por meio digital.
Vimos isso no setor de alimentação em 2020. Já houve esse aprendizado.”
O Estadão/Broadcast procurou os cinco maiores bancos do Brasil
para saber quais medidas já vêm sendo tomadas por eles no crédito. O Itaú
Unibanco respondeu que ainda não adotou novas ações. “No momento, não
vemos necessidade de estender o programa de flexibilização de créditos (o
Programa Travessia). Isso não impede que continuemos a discutir situações
pontuais de nossos cliente”, afirmou, em nota.
Já o Santander informou já ter tomado duas medidas neste ano para facilitar os
pagamentos dos contratos de crédito. Uma delas foi a prorrogação por mais três
meses da carência nas operações de giro para empresas. De acordo com o banco,
35% das firmas que usam a linha aderiram à opção. Para pessoas físicas, o
Santander lançou condições especiais para clientes e não clientes no empréstimo
pessoal, no consignado e no financiamento de veículos
O Banco do Brasil informou que oferece linhas de renegociação que contemplam
até seis meses de carência, todas customizadas de acordo com o perfil do
cliente.
A Caixa Econômica Federal declarou que tem proporcionado aos seus clientes a
possibilidade de pausa em contratos de crédito e condições facilitadas para
renegociação de dívidas. Para as micro e pequenas empresas, por exemplo, o
banco ampliou o prazo de carência para início do pagamento do financiamento do
Pronampe de 8 para 11 meses.
Bancos devem voltar a estender prazo de dívidas
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