Servidora motorista de ambulância supera preconceitos na profissão

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A Prefeitura de Guarulhos possui cerca de 22 mil funcionários e cerca de dois terços deles são mulheres. Dalva Regina Cruz é uma das 15 mil servidoras e representa a determinação, a força e a autonomia da mulher que ocupa o espaço que deseja, supera preconceitos e barreiras.

Ainda está escuro, por volta das 5h, quando Dalva começa a jornada de trabalho no Departamento de Transportes Internos (DTI) como motorista de ambulância. Mãe de dois filhos e avó de dois netos, a funcionária atua há quase 13 anos como motorista no setor de transporte ambulatorial, o qual leva pacientes para tratamento em unidades de saúde e faz a remoção deles para outras unidades de saúde como UBS e hospitais, mas não inclui os casos de urgência e emergência.

“Aprecio muito do que eu faço. Gosto da rua e de ter contato com as pessoas”, disse Dalva, que, nos primeiros meses da pandemia de covid-19, transportou pacientes infectados das UBS, hospitais e UPAs para o Centro de Combate ao Coronavírus de Guarulhos (3CGRU), o complexo onde estava instalado o hospital de campanha da administração municipal.

Concursada, ela atua em uma escala 12 horas de trabalho por 36 horas de folga e é uma das duas mulheres que desempenham a função no DTI, de um total de 82 motoristas. “Aqui todos somos iguais e não tem distinção de serviço para homem ou mulher. Quando cheguei era estranho porque não havia mulheres e muitos achavam que eu não ia me desenvolver bem na atividade, já que ela exige físico e força para ajudar os pacientes no embarque e no manejo da maca. Mas viram que dou conta. Sou comunicativa e não sofri nada de preconceito aqui. Sempre me deixaram à vontade”, afirmou Dalva, acrescentando que tem sempre a companhia de uma auxiliar de enfermagem na ambulância.

Seu emprego anterior foi em uma transportadora, na qual metade dos motoristas era mulher. Durante sete anos ela dirigiu caminhões. “Precisei trabalhar depois que me divorciei. Na minha família todos falavam que eu dirigia bem e eu sempre levava as cunhadas à maternidade. Como estava com mais de 40 anos, prestei concurso público porque é mais seguro. Saí da transportadora e vim para a Prefeitura sem ficar um dia sequer sem trabalhar”, contou Dalva, moradora do Jardim Bom Clima.

Ela relata que nas ruas percebe olhares espantados e comentários por ser mulher. “Existe ainda bastante preconceito contra a mulher no trânsito. Estou focada no trabalho e nem sinto. Difícil me estressar. Ligo a sirene e vou embora. Já aconteceu de me falarem alguma coisa, mas, como sou palhaça, respondo brincando”, revelou a funcionária pública.

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