É notório que todas as questões que dizem respeito ao meio ambiente mereçam atenção permanente por parte da sociedade e do poder público. Não à toa, o aquecimento da Terra e as mudanças climáticas encontram-se no topo da agenda. No entanto, o crescente comprometimento no nível de poluição de mares, rios e mananciais, em escala global, e as muitas lacunas ainda existentes quando se pensa em saneamento básico no Brasil são temas que não podem ser deixados de lado.
Nesse contexto, é muito importante que os efluentes, ou seja, os resíduos líquidos gerados por meio de atividades humanas e industriais, sejam devidamente tratados antes de seu descarte e retorno aos corpos hídricos. Infelizmente, essa prática, que é necessária e obrigatória, ainda é feita em grande escala de maneira irregular e com pouca divulgação de dados para que se possa agir de maneira efetiva contra ações incorretas.
Sintonizado com as problemáticas ambientais e, consequentemente, todas as que envolvem a água, Diogo Taranto, diretor de Desenvolvimento de Negócios no Grupo Opersan, observa que, além do bem mais precioso, que é a vida, a infraestrutura e a economia das cidades brasileiras estão sendo castigadas com graves catástrofes ambientais, que continuam atingindo várias regiões do País, como a ocorrida no Litoral Norte paulista e a seca extrema na Região Sul, ambas nos primeiros meses deste ano. Ele sublinha: “A tendência, como temos visto de maneira contínua e crescente nos últimos anos, é que esse quadro agrave-se cada vez mais em função das mudanças climáticas, sendo mandatório que se lance luz sobre todas as questões ambientais com urgência”.
Assim, é sempre oportuno incentivar e viabilizar ainda mais ações que privilegiem o meio ambiente, como aquelas relacionadas ao reúso da água, captação e utilização de fontes alternativas, como a dessalinização da água do mar e águas subterrâneas.
Por meio dessas ações, é possível promover a preservação dos recursos hídricos superficiais, reduzindo o descarte de impurezas que afetam diretamente a fauna e a flora e que, consequentemente, impactam na mitigação dos efeitos gerados pelos eventos extremos do clima. Diogo Taranto destaca: “Os investimentos em grandes projetos, por exemplo, de reutilização da água ainda são exceção e permanecem à margem das centenas de bilhões estimadas para que se cumpra a meta de universalização do saneamento básico no Brasil até 2030”.
Assim como a ausência de metas de reúso, outras lacunas chamam a atenção. É o caso da falta de dados que apoiem políticas públicas mais efetivas nas áreas de tratamento de efluentes e reúso. “Não temos um atlas completo, no âmbito privado, sobre o quanto empresas, indústrias, condomínios e centros comerciais brasileiros ainda descartam todos os dias de maneira irregular. Sabemos que, a cada segundo, são milhões de litros dos mais diversos tipos de líquidos e contaminantes que causam impacto extremamente nocivo em rios e lagos, assim como ao solo e aos lençóis freáticos. Também não há um estudo claro que demonstre as regiões mais críticas, nem quando essa prática será banida”, alerta Taranto.
A literatura e estudos técnicos apresentam dados alarmantes. Conforme compromisso mundial consignado no Acordo de Paris em 2015, a meta global era de que o aumento da temperatura média do planeta não ultrapassasse 2ºC. Atualmente, se somente os compromissos do Acordo de Paris forem cumpridos haverá um aumento médio de temperatura de 3,2ºC. Isso quer dizer 400 milhões de pessoas a mais no mundo com escassez de água, 32 vezes mais ondas de calor, duas vezes mais queimadas na Europa Meridional e seis vezes mais nos EUA, além de outros fatores desencadeadores, conclui Diogo Taranto.
Este tema é dos mais urgentes e sensíveis para subsistência da vida humana neste planeta. O Brasil tem sua parcela de contribuição, por meio, por exemplo, da Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC), que oficializou o compromisso voluntário do País perante as Nações Unidas em reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Este é também um grande passo de conscientização da população.