Vivemos num mundo cada vez mais individualista, menos solidário, onde as pessoas, muitas vezes, menosprezam valores que foram passados pela família ou na escola para fazer suas vontades pessoais. Além disso, querem ganhar sempre, levar vantagem, serem espertas, mesmo que isso possa prejudicar o outro. Falta empatia. Faltam valores!
Somado a isso, existe a potencialização dessas atitudes nas redes sociais, onde as pessoas parecem não ter limites, onde o bom senso deixou de existir, onde impera o radicalismo e, quando seus pontos de vista não são aceitos, parte-se para agressões que, muitas vezes saem do mundo virtual para a realidade da vida. Famílias se desfazem, irmãos deixam de se falar, grupos se enfrentam fisicamente.
Não raramente, somos surpreendidos com notícias de desrespeito aos idosos, às crianças, aos professores, aos deficientes e aos pais chegando ao absurdo de, contra eles, utilizarem-se de força física. Isso banalizou e a sociedade parece que se acostumou de tal forma a esses comportamentos que, algumas vezes, o consideram normal ou simples expressão da liberdade individual. Um grande equívoco.
Por mais que a família tente transmitir valores aos jovens, não se pode ignorar a realidade. Atualmente, mães e pais trabalham, restando-lhes pouco tempo para efetivamente transmitir conceitos de ética, moral e bons costumes aos filhos. Some-se a isso, o fato de muitos lares serem compostos por mães como única responsável pelo lar. Ademais, pais e mães, principalmente os mais jovens, podem, também, não ter recebido tais conceitos. E o que não é aprendido não pode ser transmitido.
Assim, precisamos voltar a transmissão de valores para os bancos escolares, seja como disciplina, seja como espaços de discussão. Caso os jovens já tenham aprendido esses conceitos em seus lares, será um reforço, mas se nunca tiverem debatido o assunto, será um momento único e fundamental para se conhecer, difundir e internalizar valores, tornando-os pessoas completas, cidadãos de fato.
Quando Deputado Estadual elaborei um projeto para que isso fosse possível. Esse projeto teve o aval dos meus pares e do governo do Estado e se transformou em lei. Trata-se da Lei nº 16.890/2018, que institui o programa Lições de Ética e Cidadania no âmbito das escolas e instituições públicas e privadas dos ensinos fundamental e médio no Estado. A tentativa é trazer o debate de valores para dentro da sala de aula.
Provavelmente se tivéssemos dado mais atenção à educação, provavelmente não teríamos essa grande crise moral pela qual passamos no país com desvios de recursos do auxílio emergencial, desvios de recursos da saúde, educação, habitação e, talvez tivéssemos enfrentando essa pandemia com mais responsabilidade, espírito comunitário, solidariedade.
Precisamos dar atenção à educação, trabalhar na internalização de valores, pois é uma das formas que agrega muito valor para a formação de verdadeiros cidadãos.
Coronel Alvaro B. Camilo