Em
mais de meio século de funcionamento, a Esquina do Fuad, tradicional
restaurante do bairro paulistano de Santa Cecília, nunca tinha passado por nada
parecido. Nem ele, nem os milhões de empreendedores espalhados pelo País. A
queda de quase 10% da atividade econômica causada pelo confinamento exigido
pela pandemia restringiu, de uma hora para outra, a operação do restaurante,
que passou a trabalhar só por meio de entregas (delivery). “O segundo
trimestre foi o pior em 54 anos, com queda de 20% no tíquete médio”,
afirma o proprietário Denis Nery.
Para Lucas Furlani, dono de duas franquias do salão de cabeleireiros Soho, a
situação foi pior. Por três meses, abril, maio e junho, os dois salões ficaram
fechados. “O segundo trimestre não existiu para a gente, o faturamento foi
zero.”
Com a flexibilização da quarentena a partir de julho, os dois empreendedores
tiveram de se reinventar. Tanto Nery como Furlani não recorreram a bancos.
Reduziram despesas e renegociaram contratos com fornecedores.
Nery focou no delivery, apesar de continuar atendendo presencialmente no
restaurante. “A pandemia foi um chacoalhão”, diz o empresário, que
tem hoje na entrega de comida um negócio muito maior do que o atendimento no
restaurante, embora com uma lucratividade menor. No momento, Nery procura cinco
pontos na capital paulista e também na região do ABC para instalar cozinhas e
atender às vendas por delivery.
Furlani, que em abril cogitou a possibilidade de fechar definitivamente os
salões, agora não pensa mais nisso. “Conseguimos nos ajustar, todos os
dias temos tido movimento e estamos proporcionando segurança aos
clientes.” Ele admite, no entanto, que não está tendo lucro. “É um
privilégio conseguir manter o negócio aberto.”
‘A pandemia foi um chacoalhão’, diz dono de restaurante
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