Abertura do Novembro Negro é marcada por palestra do ouvidor das polícias de SP

Marcio Lino/PMG
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A palestra O Papel das Forças de Segurança Pública na Construção de uma Cidade Antirracista, ministrada pelo ouvidor das polícias de São Paulo Eliseu Soares Lopes nesta quarta-feira (9), marcou a abertura oficial do Novembro Negro GRU no Salão de Artes do Adamastor. Acompanhada por um público de 300 pessoas, a cerimônia contou com as participações do vice-prefeito, Professor Jesus, representando o prefeito de Guarulhos, Guti, do secretário de Direitos Humanos, Abdo Mazloum, do subsecretário da Igualdade Racial, Anderson Guimarães, do secretário para Assuntos de Segurança Pública, Marcio Pontes, e de outros representantes das forças policiais que atuam no município.

O ouvidor das polícias de São Paulo fez um apanhado histórico mostrando o surgimento do racismo com o colonialismo e o imperialismo europeu e a consequente escravidão. Ele discorreu também sobre o uso da ciência e de pensadores para legitimar a discriminação e a dominação de um povo sobre outro. Por fim, abordou a escravidão no Brasil e a ampliação da segregação contra a população negra por meio de leis ao longo do tempo.

As forças policiais, segundo Eliseu Lopes, representam o Estado e precisam obedecer a parâmetros da lei, de zelo e de proporcionalidade para atuação. “A segurança pública é uma conquista civilizacional; antes dela havia a barbárie, o enfrentamento e o duelo. Há dois valores que classificam o estado civilizacional: a vida e a liberdade. Todos somos iguais e não existe raça branca ou negra, mas apenas a raça humana. As diferenças sociais acontecem com o propósito de sobrepor, de ter o domínio político, cultural, ideológico e econômico”, explicou o ouvidor.

Dignidade e respeito

Para o palestrante, as pessoas precisam compreender em qual tipo de sociedade querem viver: as que segregam ou a cidadã com dignidade, respeito, solidariedade e compaixão.

“O Novembro Negro é de grande relevância para nós. Sabemos que há 134 anos tivemos a abolição e ainda hoje convivemos com o racismo. Precisamos desenvolver políticas públicas, dialogar e discutir para diminuir essas diferenças e respeitar o próximo. Temos que garantir à população negra a efetivação da igualdade e da oportunidade, a defesa dos direitos individuais, coletivos e difusos, além de combater todas as formas de intolerância étnica”, disse Professor Jesus.

Parabenizando a subsecretaria responsável pelo Novembro Negro, Mazloum lembrou que o racismo deve ser combatido por toda a sociedade. “Este é um evento que teve de ser criado para lembrar a desigualdade e o racismo existentes no dia a dia e que temos que combatê-lo com toda a nossa força e inteligência para chegarmos a um ponto comum: seres humanos são todos iguais”, destacou o gestor de Direitos Humanos.

A reunião de todas as forças policiais para tratar da desigualdade racial foi destacada pelo subsecretário Anderson Guimarães. “Posso estar enganado, mas não me lembro, nos últimos anos de militância em prol da equidade racial, de conseguirmos juntar todas as forças de segurança no mesmo espaço para uma discussão sensível sobre igualdade racial e o racismo”.

A pobreza e a violência, segundo o subsecretário, alcançam o grupo específico, o que tem a cor negra. “Viemos hoje falar sobre o racismo na sua definição mais central, que é uma inteligência de segregação em favor do processo de dominação. A hierarquização social passa pelas questões raciais e isso tem atravessado gerações. É sobre isso que precisamos avançar nas discussões”, justificou Guimarães.

O evento contou com a presença da presidente do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial, Luiza Owhoka, do delegado policial da Seccional de Guarulhos, José Aparecido Santos Severo, do comandante-geral da GCM de Guarulhos, Francisco Borotta, do coronel Campos, do 15º BPM, do chefe de instrução do Tiro de Guerra, o subtenente Paulo Roberto de Araújo, da inspetora Darcy, da Patrulha Maria da Penha de Guarulhos, do presidente da Liga Independente das Escolas de Samba de Guarulhos (Liesg), Leandro Oliveira, além de secretários municipais e representantes da sociedade civil.

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