‘Ainda tenho muito a contribuir, não só para Guarulhos, mas para o estado e o país’, afirma Guti

Foto: Henrique Lecher
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Após oito anos à frente da Prefeitura de Guarulhos, Guti encerra seu mandato destacando os avanços que marcaram sua administração e os desafios superados ao longo do período. Entre as iniciativas mais emblemáticas estão o congelamento do IPTU por oito anos, a redução significativa das enchentes com o projeto de macrodrenagem do rio Baquirivu-Guaçu e melhorias estruturais na saúde pública, que incluíram a ampliação de UPAs e reformas em hospitais municipais.

Com 60% de aprovação popular, Guti reflete sobre o legado deixado para a cidade e já mira novos desafios, planejando disputar as eleições nacionais em 2026. Em entrevista exclusiva à Folha Metropolitana de Guarulhos, ele compartilha os bastidores de sua gestão, sua paixão pelo serviço público e sua visão para o futuro. Confira os principais destaques dessa conversa.

Folha) Após oito anos como prefeito, como você avalia os principais avanços e desafios enfrentados durante sua gestão em Guarulhos?

Guti) Os desafios foram enormes, especialmente na área financeira e estrutural. Quando assumi em 2017, Guarulhos tinha uma dívida de R$ 7,4 bilhões, o que a tornava a cidade per capita mais endividada do estado de São Paulo. Com um orçamento anual de R$ 4 bilhões, metade do mandato já estava comprometida com dívidas. Além disso, encontramos muitas obras paralisadas, como CEUs e UPAs, e sem recursos para retomá-las. Tivemos que fazer um grande enxugamento na máquina pública, reduzindo quase 50% dos cargos comissionados, diminuindo o número de secretarias e renegociando contratos de aluguéis. Isso nos permitiu economizar e direcionar recursos para áreas prioritárias, como água, iluminação pública e saúde. Conseguimos resolver o problema crônico de falta de água, implementar iluminação pública de LED em toda a cidade e aumentar o tratamento de esgoto de 2% para quase 40%. Entregamos todas as obras que estavam abandonadas, com exceção de duas na área da saúde, para as quais deixamos recursos em caixa e o processo licitatório em andamento. Com o apoio de uma equipe técnica competente, realizamos mais de 3 mil obras entre grandes e pequenas, um número extraordinário que reflete nosso compromisso em superar os desafios e avançar por Guarulhos.

Folha) O índice de 60% de aprovação ao final de seu mandato reflete o reconhecimento da população. Quais iniciativas você acredita terem sido determinantes para alcançar esse resultado?

Guti) Acredito que o índice de 60% de aprovação reflete o reconhecimento da minha dedicação ao trabalho. Sempre digo que não sou o prefeito mais talentoso, brilhante ou inteligente, mas, sem dúvida, sou um dos que mais trabalham. Tenho prazer em fazer o que faço, acordo cedo e, se preciso, fico até tarde resolvendo problemas. Esse compromisso e amor pelo trabalho fazem a diferença. Além disso, o planejamento foi fundamental para alcançarmos avanços extraordinários em diversas áreas. Independentemente da corrente política ou ideológica, acredito que a população reconhece o bom trabalho que realizamos, pois os resultados são visíveis e não podem ser ignorados por quem mora na cidade.

Folha) A isenção do IPTU e a reorganização das contas públicas foram marcos da sua gestão. Quais foram os maiores desafios enfrentados para implementar essas mudanças?

Guti) Quando decidi congelar o IPTU, enfrentei muita resistência, inclusive do meu secretário da Fazenda, que achava a ideia inviável. Mas eu não podia ignorar minha promessa à população, especialmente após lutar como vereador contra o aumento desproporcional do imposto. Embora a lei não me permitisse reduzir, encontrei uma solução jurídica e financeira para viabilizar o congelamento. Com isso, conseguimos reduzir significativamente a inadimplência, pois as pessoas passaram a perceber que fazia sentido pagar, já que o imposto não era abusivo e os reflexos positivos estavam visíveis na cidade. Acredito firmemente na ideia de que alíquotas mais baixas podem estimular a economia, aumentando o poder de compra e fomentando o consumo e os investimentos. Se conseguimos fazer isso em Guarulhos, acredito que é possível replicar essa estratégia em nível nacional, com benefícios claros para a economia e para a população.

Folha) As obras do Trevo de Bonsucesso e o projeto de macrodrenagem do rio Baquirivu-Guaçu impactaram diretamente a infraestrutura da cidade. Como você avalia o legado dessas iniciativas para Guarulhos?

Guti) O projeto de macrodrenagem do rio Baquirivu-Guaçu foi um divisor de águas para Guarulhos. Com essa obra, conseguimos reduzir cerca de 70% das enchentes na cidade, um problema histórico que impactava milhares de famílias. Apesar de a obra ainda não estar 100% concluída, os resultados já são perceptíveis. Antes, eu passava anos socorrendo as mesmas pessoas nas mesmas regiões afetadas. Hoje, com quase R$ 600 milhões em recursos garantidos, estamos próximos de entregar a maior obra de macrodrenagem da Grande São Paulo e, além disso, um grande parque que vai melhorar a qualidade de vida da população. Já o Trevo de Bonsucesso e as alças de acesso na Dutra trouxeram uma fluidez viária muito maior. Com persistência, garanti os investimentos necessários junto ao ex-ministro Tarcísio e ao governo federal. Embora tenha trabalhado com o projeto já existente e licenciado, que limitava alterações, o impacto positivo dessas obras na mobilidade urbana é inegável. Ainda há ajustes a fazer, mas avançamos muito, deixando a cidade preparada para continuar crescendo.

Folha) O Programa Mais Futuro qualificou cerca de 70 mil guarulhenses. Como você enxerga o impacto dessa política na economia e no mercado de trabalho da cidade?

Guti) O Programa Mais Futuro foi uma iniciativa extraordinária que criamos para oferecer novas perspectivas de vida aos guarulhenses, principalmente para as crianças no contraturno escolar, que representam 80% dos beneficiários. Elas podem aprender desde xadrez e esportes, como basquete e artes marciais, até explorar talentos na cultura, como nos estúdios 360, onde podem gravar músicas com qualidade profissional, impulsionando carreiras artísticas. Além disso, o programa impacta a economia e o mercado de trabalho ao preparar os cidadãos para o futuro. Outro destaque é o Faculdade Municipal de Guarulhos, que garante ensino superior gratuito em cursos como pedagogia, psicologia e enfermagem para quem não tem condições financeiras. Após a formação, esses profissionais devolvem à cidade o investimento por meio de serviços, como atuar em escolas municipais ou na área de saúde pública. Essas iniciativas mostram o quanto acreditamos no potencial das pessoas e no impacto positivo de investir em educação, cultura e qualificação profissional para transformar vidas e fortalecer a economia local.

Folha) A saúde foi uma área desafiadora, especialmente durante a pandemia. Como você avalia os investimentos e melhorias realizados em hospitais municipais sob sua gestão?

Guti) A saúde foi, sem dúvida, uma área desafiadora, mas conseguimos avançar muito durante minha gestão. Entregamos diversas UBS e ampliamos o número de UPAs, passando de apenas uma, deixada em 16 anos de gestão petista, para quatro unidades em funcionamento. No Hospital Municipal de Urgências, que era praticamente um “hospital de guerra”, fizemos melhorias significativas, assim como no Hospital da Criança, que passou por reformas importantes, elevando sua qualidade de atendimento. Reconheço que a saúde sempre será um tema sensível, com reclamações inevitáveis, porque o tempo de espera e as dores pessoais tornam o atendimento sempre urgente para quem precisa. Apesar disso, os avanços são claros. Conseguimos garantir recursos para o Hospital da Mulher e para concluir os andares do Hospital Pimentas Bonsucesso. Além disso, firmamos uma PPP para dobrar a capacidade do Hospital da Criança, que será um marco para a cidade. Deixo tudo pronto e encaminhado para que o próximo prefeito possa entregar três grandes hospitais – o Hospital da Mulher, o Hospital Pimentas Bonsucesso e o novo Hospital da Criança. Basta seguir o planejamento que estruturamos para que esses projetos se tornem realidade.

Folha) Agora que seu mandato está chegando ao fim, quais são seus planos para o futuro político? Há algum projeto ou área específica em que você pretende atuar?

Guti) Eu acredito que ainda tenho muito a contribuir, não só para Guarulhos, mas para o estado e para o país. Minha paixão pelo serviço público continua forte, e pretendo disputar eleições nacionais em 2026, embora ainda não tenha definido qual cargo. Quero ser lembrado como um político desburocratizador, alguém que congelou impostos e lutou contra aumentos desenfreados. Em Guarulhos, conseguimos provar que essa abordagem funciona, incentivando investimentos e proporcionando mais segurança jurídica. A marca do congelamento de impostos por oito anos é algo que muitos reconhecem como um legado importante da minha gestão. Inclusive, já deixei o projeto de lei para manter o congelamento em 2025. São ações como essas que mostram meu compromisso em facilitar a vida das pessoas, e essa visão será levada para os próximos desafios políticos.

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