Ataque de Bolsonaro a presidente da OAB gera indignação na advocacia

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Da Redação

A versão dada nesta segunda-feira (29), pelo presidente Jair Bolsonaro para o desaparecimento do militante de esquerda Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira, morto em 1974 durante o regime militar, provocou reação de juristas e entidades ligadas à anistia e direitos humanos. Pela manhã, Bolsonaro disse que poderia “contar a verdade” sobre o caso. À tarde, em live numa rede social, acrescentou que Fernando – pai do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz – teria sido morto pelos próprios colegas do grupo Ação Popular (AP).

“As declarações de Bolsonaro são de tamanha brutalidade e estupidez que nem seus correligionários acreditam no que tem dito, é uma besteira atrás da outra, algo impensado para um presidente da República. O ataque a memória de mortos reacende o sofrimento da família, ainda mais quando sequer pode velar o corpo, desaparecido durante a ditadura militar”, afirmou o advogado, Conselheiro Seccional da OAB-SP e consultor jurídico da Folha Metropolitana, Alexandre Cadeu Bernardes.

Para ele, Bolsonaro torna indignificante o cargo que ocupa. “Não respeita a Constituição e nem as Instituições de Direito, age como ditador sem respeitar as minorias e as liberdades individuais, algo que era presumido antes das eleições, agora tristemente vai acontecendo em seu mandato, o que preocupa nossa democracia”, disse.

Presidente questiona documento oficial sobre mortes na ditadura: ‘Isso é balela’

Ontem o presidente afirmou que não existem documentos que possam comprovar como se deu a morte do pai de Santa Cruz, durante a ditadura militar, e questionou a veracidade dos documentos produzidos pela Comissão Nacional da Verdade, criada pela ex-presidente Dilma Rousseff. “Nós queremos desvendar crimes. A questão de 1964, não existem documentos se matou, não matou, isso aí é balela. (…) Você quer documento para isso, meu Deus do céu. Documento é quando você casa, você se divorcia. Eles têm documentos dizendo o contrário?”, disse.

“Os ataques do presidente à OAB decorrem da sua impossibilidade de entender o direito de defesa e o julgamento justo que deve ser garantido a qualquer cidadão, independente da gravidade do crime cometido, que deve ter a seu lado o rigor da lei, mas com os limites da própria punição”, destacou Bernardes.

Felipe Santa Cruz anunciou que irá ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedir que Bolsonaro diga o que sabe sobre o desaparecimento do seu pai. Questionado se daria explicações perante a Suprema Corte, o presidente tergiversou. “O que eu sei é que não tem nada escrito de que foi isso ou foi aquilo. O meu sentimento é esse”, disse.

Imagem: Divulgação

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