Enchentes… só Deus na causa!!!
Não vislumbro a curto prazo qualquer solução para a questão das enchentes pelo Brasil a fora e quanto menos para Guarulhos, principalmente diante da realidade de inércia do poder público ao longo dos tempos, aliás, problema que se agrava ao longo de muitas décadas, onde questões de planejamento urbano, saneamento básico e regularização imobiliária perderam espaço para o jogo político, percebendo-se certa permissividade inclusive da população quanto a ocupação irregular de áreas que deveriam ser preservadas, notadamente àquelas as margens de córregos, rios e encostas de morros. E tudo acontecendo ao arrepio da legislação ambiental, como se a natureza cuidasse de resolver o problema por ordem divina.
Verdade é que a população tem muita culpa nisso tudo, e começa pelo pouco que se importa com o lixo que produz, aliás, satisfazendo-se com o fato de não permitir que se acumule dentro de casa e apenas em razão do odor (e nada mais que isso), não se importando com o destino do sofá, colchões e todo tipo de móveis velhos que irão parar nos riachos onde a água deveria fluir livremente, apenas lembrando do descarte adequado do lixo quando este retorna às suas portas com as enchentes.
Não menos verdade é que Guarulhos sempre conviveu com enchentes e muito pouco foi feito em termos reais para solucionar o problema e, ao contrário disso, as ações governamentais apenas contribuíram para o agravamento do problema, basta lembrar que a bacia do Baquirivú sofre com alagamentos desde a década de 80, anotando que para a construção do “Aeroporto de Cumbica” foram alterados diversos cursos de água em córregos daquela região, com isso alterando sensivelmente o meio ambiente, não havendo notícias que qualquer prefeito fizesse algo para minimizar os efeitos da destruição ambiental provocada pelo maior aeroporto do Brasil.
Contudo, merece destaque a recente aprovação que o Prefeito Guti conseguiu junto a Câmara Municipal para buscar empréstimo de mais de R$ 400 milhões junto a CAF (Corporação Andina de Fomento), que tem como objetivo as obras de drenagem do Baquirivú, além da construção de um parque linear na região, duplicação da Avenida Jamil João Zarif, sendo esta a solução encontrada para minimizar os alagamentos no entorno do aeroporto e região da Praça 8 e Taboão.
Não é demais lembrar que em 2012, o DAEE havia aprovado um empréstimo para obras em torno de R$ 300 milhões para a referida drenagem e aumento de vazão da bacia do Baquirivú, cuja obra iniciaria na divisa de Arujá até o rio Tietê; entretanto, durante a crise hídrica de 2014, o governo do PSDB optou por transferir esses recursos para obras de abastecimento na região de Campinas, deixando Guarulhos relegado a futuro e eventual projeto a ser desenvolvido (será?).
Aliás, o desprezo do governador João Doria por Guarulhos é evidente, basta ver que liberou para a região do Alto Tietê a quantia de R$ 12 milhões, tendo destinado apenas R$ 1 milhão para Guarulhos, algo insuficiente para o mínimo que se possa pensar em ações efetivas de combate às enchentes em qualquer grande metrópole, notadamente diante de uma população despreocupada com meio ambiente e de um Governo de Estado descompromissado com a cidade e no meio de tudo isso a fúria da natureza com suas chuvas de verão, imprevisíveis como se a todos quisesse castigar.
Ainda nos resta rezar… e muito!!!