Estupidez política
Por quais motivos que o presidente Jair Bolsonaro continua a afrontar e desautorizar seu ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta?
A questão não é de mera posição política acerca de assunto eminentemente científico, até porque se fosse apenas isso, de conflito de inteligência sobre determinado assunto “médico” deveria prevalecer o entendimento sério e responsável de Mandetta, calçado em premissas científicas, certo que
enquanto o ministro defende o isolamento social como meio de diminuir a propagação do Covid-19, o presidente abertamente se posta contra o confinamento (com base em quê?), que na melhor da hipóteses se aplicaria apenas a idosos e pessoas com doenças preexistentes, obviamente sem levar em conta que os mais jovens e sadios, que em sua grande maioria são assintomáticos, são agentes
transmissores do vírus, assim podendo após um dia de atividades sociais levar para casa a indesejada contaminação a seus pais e avós, lembrando que até o momento a ciência não encontrou medicação e vacinas para combater a nova “peste”.
Verdade seja dita: O ministro Mandetta com sobriedade médica e responsabilidade política vem conduzindo a crise pandêmica com maestria, sem se deixar envolver pelas falas e atropelos do presidente que, ciumento, dia após dia não contente em esbravejar contra seu ministro, ainda se põe a passear em meio a populares a quem não nega apertos de mãos e abraços, esquecendo-se ele, Bolsonaro, que 22 pessoas de seu convívio já foram ou estão contaminadas pelo Covid-19, o que demonstra sua criminosa irresponsabilidade na condução da crise e da nação.
Parece que Bolsonaro ainda não percebeu que a solução para enfrentar esta crise sanitária sem precedentes é a união, a qual deveria começar dentro de seu governo, com ações coordenadas, com inteligência social e política voltadas para um só ideal, o de superar este momento grave e catastrófico para a humanidade.
Não se trata de uma gripezinha como dito várias vezes pelo presidente, cuja gravidade da moléstia vem se reafirmando com os números de contaminados e mortos pelo Brasil e mundo a fora, aliás, apresentando números jamais pensados por uma sociedade evoluída e dotada de tecnologia (quem dera fosse verdade!!!), que se apresenta refém até de produtos básicos para assepsia, daí percebendo- se a falta de insumos como álcool-gel, luvas e máscaras descartáveis, além de respiradores mecânicos produzidos quase que exclusivamente pela China, fatos que servem para demonstrar a vulnerabilidade brasileira diante de situações de risco global.
E como miséria pouca é bobagem, não bastasse a ciumeira do presidente em relação ao ministro da saúde atrapalhando as ações de combate ao Coronavírus, ainda somos obrigados a presenciar o Deputado Eduardo Bolsonaro e o Ministro da Educação, Abraham Weintraub, verdadeiras cavalgaduras, criarem novas crises diplomáticas com a China. O Deputado tratando o Covid-19 de “vírus chinês”, enquanto o Ministro fazia chacota com o linguajar asiático através de uma revista da Turma da Mônica, fatos ainda que negados, justificam o cancelamento da entrega de respiradores ao Brasil, preferindo a China dar uma gelada nas relações brasileiras ao entregar os respiradores aos EUA, demonstrando que nem todos se sujeitam às grosserias deste governo, que quando não tem com quem brigar o fazem entre si e contra países parceiros.