Se Jair Bolsonaro tivesse um mínimo de bom senso e ouvisse os generais Santa Rosa e Santos Cruz, seus ex-ministros e companheiros de farda, deveria se manter neutro em relação ao conflito entre Estados Unidos e Irã, aliás, tendo Santos Cruz afirmado que “Qualquer posicionamento, nesse caso, fora da neutralidade e imparcialidade é falta de noção de consequência e irresponsabilidade”.
Santa Cruz está correto, não apenas porque o Brasil mantém boa relação comercial com os dois países, mas porque de forma especial o Irã surge atualmente é o principal parceiro comercial brasileiro no Oriente Médio, sendo o nosso maior importador de milho e, por sua vez, não se pode desprezar os Estados Unidos que além de ser a maior potência econômica mundial é o segundo maior importador de mercadorias do Brasil, o que recomendaria cautela em qualquer pronunciamento do presidente.
Mas como vivemos em época de bravatas, nem sempre o que é recomendado e traduz bom senso é o que se pratica no atual governo, onde seu principal personagem não se contém com a boca fechada, no mais da vezes perdendo a oportunidade de ficar calado acerca de assuntos que obviamente não conhece e que por isso não conhece as suas consequências, como se pode perceber na última sexta-feira (03/01), em entrevista à TV Bandeirantes, no programa Brasil Urgente, quando Jair Bolsonaro referindo-se ao episódio que matou Qasem Soleimani destacou que “A vida pregressa dele era voltada, em grande parte, para o terrorismo. Nossa posição aqui no Brasil é bem simples: tudo que pudermos fazer para combater o terrorismo, nós faremos”.
Vale lembrar que Qasem Soleimani, chefe da Força Revolucionária do Irã, morto um dia antes da fala de Bolsonaro, era considerado um dos homens mais importantes do Irã, o que deixa uma promessa de vingança no ar, publicamente declarada pelas autoridades Iranianas, o que mereceria mínimo cuidado por parte de líderes de países ainda não envolvidos no conflito, como é caso do Brasil.
O precoce posicionamento do Presidente da República serviu para agitar seus mais fiéis seguidores, tendo o general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional, afirmado ao Correio Brasiliense ter conversado com Bolsonaro sobre o assunto e que o momento era de aguardar o desenrolar da crise, destacando que mais do que falar, deveria se prestar atenção porque os acontecimentos ainda estão muito no início”. “O presidente e eu conversamos muito. Sou segurança internacional, não tenho pretensão de ser conselheiro, mas converso com ele, e a gente discute. Por enquanto, a ideia é a gente ficar observando. Acabei de receber um documento, vou estudar para conversar com ele e, por enquanto, a ideia é a gente ficar observando”.
O puxão de orelhas ficou claro e mesmo que Jair Bolsonaro volte atrás para desdizer o que disse, o que lhe é comum, por certo que o Brasil passa a ser visto com reservas, e bem sensíveis, pela comunidade internacional, pois, além de não possuirmos estatura bélica para entrar no conflito, nosso líder não possui a mínima inteligência para começar esta discussão, pois, se padecemos com seus absurdos pronunciamentos acerca de democracia e cidadania em terras brasileiras, bem imaginamos o que pode falar acerca de geopolítica internacional. Agora, só Deus na causa!!!