Está difícil caminhar pelas redes sociais sem se deparar com extremismos e extremistas, tanto os de direita quanto os de esquerda, para quem àqueles que não lhes pertencem ou acompanham o pensamento, definitivamente, ou são comunistas ou são fascistas, e não adianta mais se justificar, pois você é (e será) o do contra.
Já não se contentam mais com os simples adjetivos de mortadelas e coxinhas, agora a pegada é mais radical e vale ofender. É como num vale tudo em que a razão perde espaço para a emoção do simples embate, do confronto político e/ou ideológico.
Mas aí vale tudo mesmo, e sem juiz ou o sinal de final round ou da própria luta, como se a finalidade das discussões pelos “facebooks” pudessem intervir em políticas de governos e na própria ação da natureza.
Aliás, natureza danada essa. Um tanto imprevisível, posto que deveria informar o quanto e onde vai chover ou queimar além do esperado, permitindo que as críticas aos gestores públicos e a quem lhes defenda fossem melhor argumentadas, mas, inobstante a isso, já estão julgados e condenados pelas redes sociais e seus juízes de expertise invejável em todos assuntos possíveis, valendo qualquer assunto, pois o que importa aqui é tacar pedra no telhado alheio (sic!).
Os exemplos saltam aos olhos a cada novo debate e nos trazem demônios das mais variadas espécies; como Gretha Thumberg, uma simples ativista ambiental que ganhou as manchetes nacionais diante da falta de habilidade política de Bolsonaro, o presidente de uma nação que lhe dedicou tempo e palavras mais que necessárias ao destaque que ela própria merecia, mas suficientes para que seus seguidores, sem entender minimamente as circunstâncias climáticas de um e outro pais passassem a discutir o ativismo da menina, cuja coragem para o enfrentamento político e social não permite que extremistas de celulares e computadores manejem sua discussão.
Agora, como era de esperar, a bola da vez é o Ministro Toffoli (STF), que apenas fazendo cumprir a Constituição Federal, revogou a censura contra o programa Porta dos Fundos que satirizava o cristianismo através da apresentação de um Jesus Gay, o que foi suficiente para internautas de todo tipo, aí se inclua ateus e agnósticos, aproveitassem a onda de ridicularização de Toffoli e dos demais ministros do STF e caracterizassem-os de homossexuais, ao que parece não percebendo estes “artistas” que o julgamento conforme a regra legal tinha um propósito (defender a liberdade de expressão e pensamento) e não de atingir qualquer religião, despercendo que a própria Constituição possui regras contra os abusos praticados em nome do direito de expressão e pensamento, não havendo permissão ao direito de ofender.
Mas a internet é assim, tem dessas coisas, de livres manifestações contra Gretha, Toffoli e tantos outros, que apenas são permitidas num legítimo regime democrático de direito, onde a liberdade de expressão é a regra, sem qualquer censura, mas cujo excesso, vale lembrar, será punido na forma da própria lei, em respeito igual às outras garantias constitucionais, como a dignidade da pessoa humana, por isso de se afirmar que a liberdade de expressão não autoriza ninguém a falar bobagem, devendo-se se policiar quanto as palavras, pois a ofensa é punível.