Após reagir com deboches a um comentário acerca da esposa do Presidente Francês, Emmanuel Macron, onde comparava as primeiras-damas Michele Bolsonaro e Brigitte Macron, o presidente Jair Bolsonaro apagou a foto e o gracejo desferido contra a primeira-dama francesa, agora desdizendo que o seu comentário na postagem – “não humilha, cara. kkkkkkk” – fora mal interpretado, tornando claro que passou longe dos limites recomendados pela diplomacia dos países civilizados.
Bolsonaro é desse jeito mesmo, fala (e escreve) pelos cotovelos e depois, em crises de popularidade, duvido que seja de consciência, desdiz o que disse. Afinal, já fez isso inúmeras vezes, por isso da minha assertiva nesta coluna na semana passada que ele é mitômano, basta lembrar que após ofender o Presidente Nacional da OAB veio a público (e perante o STF) para dizer que não era essa a sua intenção e que nem tinha dito o que disse, que por sorte restou gravado, caso contrário seria mais um dentre os tantos de seus desmentidos.
Desmentir as próprias falas passou a ser rotina da caminhada presidencial, já fez isso com o povo nordestino no episódio do governador Flávio Dino, a quem chamou de “paraíbas”, sendo frequente seus ataques contra gays e lésbicas, tendo afirmado em entrevista à Revista Playboy que seria incapaz de amar um filho homossexual, da mesma forma que disse em abril passado, num encontro com jornalistas no Palácio do Planalto, que o Brasil “não pode ser o País do turismo Gay porque temos famílias”, mas que apesar da transparente homofobia que exala de suas manifestações, queixa-se que ficou com essa fama porque combatia o “kit gay” quando era deputado federal, agindo como um verdadeiro ator quando confrontado em afirmações que podem lhe comprometer o poder ou a popularidade conquistada graças a inanidade de parte da esquerda brasileira e seu envolvimento com a corrupção.
O jornalista Luiz Maklouf Carvalho no livro “O Cadete e Capitão – a vida de Jair Bolsonaro no quartel” aponta que o presidente detinha o apelido de “cavalão”, bem como que respondeu a uma sindicância militar no episódio conhecido como “beco sem saída”, cujos termos caem bem ao momento que vivemos, onde a grosseria é a tônica de suas manifestações, talvez por isso tenha dito acerca de cagar um dia sim dia não, eis que não poupa nem mesmo seus ministros militares quanto menos seria de esperar que poupasse autoridades de outros países, demonstrando que falta luz no fim do túnel da mesma forma que falta papel higiênico para tanta cagada.
Em verdade merecíamos uma melhor sorte, castigando-nos a lembrança de Otto Von Bismarck, diplomata alemão, quando disse: “Nunca se mente tanto como antes das eleições, durante uma guerra e depois de uma caçada”, cuja frase se completa para a realidade brasileira com Theodore Roosevelt, ex-presidente americano, que pontua: “Um voto é como um rifle: sua utilidade depende do caráter de quem usa”.