O que leva um deputado federal, cotado para assumir uma embaixada nos Estados Unidos, perder seu tempo postando notícias e imagens falsas acerca de uma jovem de apenas 16 anos? Ora, por que será que Eduardo Bolsonaro se importou tanto com a ativista Greta Thumberg que apenas clama pela preservação do meio ambiente?
Ao que parece Eduardo, tal como o pai, não perde a oportunidade de agredir a quem possa significar o menor perigo para a família e o poder político que perseguem, pouco importando se o confronto se estenderá além das fronteiras do Brasil ou não, tal como aconteceu anteriormente com Macron (França) e Bachelet (Chile), passando uma imagem de um Brasil realmente novo, agressivo, sem respeito às relações humanas e sociais, sem respeito ao contraditório, assumindo atitudes antidemocráticas como sequer pensada pelos brasileiros com sua natureza pacificadora.
O pior é que o deputado não se envergonha das bobagens que fala sequencialmente, a exemplo de entender pela desnecessidade da formação jurídica para o exercício da função de delegado de polícia, manifestado em programa de rádio, tornando claro que desconhece as atribuições do cargo, justamente ele que é escrivão da Polícia Federal e que por isso deveria conhecer do ofício, cuja cultura que ora passamos a conhecer justifica suas qualidades de “fritador” de hambúrguer suficientes para a pretensão do cargo de embaixador.
Tempos difíceis estes cuja violência está no ar, no cotidiano do brasileiro, onde a morte de uma criança de 8 anos com tiro de fuzil passa sem pedidos de desculpas do governador, não importando se morta pela polícia ou pelo tráfico, onde presenciamos o vice-presidente da República dizer que o problema não é do governo federal, como se a segurança pública não fosse responsabilidade de todos, inclusive da União.
O momento é delicado, não por conta das besteiras e mentiras ditas pelos Bolsonaros ou pela onda de violência que não cessa, ao contrário aumenta, mas especialmente porque estamos acostumando a tudo isso, sem importarmos com as consequências destas ações nefastas, toleradas por cidadãos de bem, pacíficos, que não acreditam na maldade do poder e da política praticada sem escrúpulos, como ora vivemos.
Triste realidade de um Brasil em que o discurso de nosso presidente é pautado em ataques a países que lhe são críticos, a governos anteriores, os quais chamou de socialistas, defendendo abertamente o golpe de 1964, não sem antes colocar em seu discurso uma falsa liderança indígena, a qual foi desautorizada por todas as tribos indígenas conhecidas em nosso país, o que inegavelmente constrange o brasileiro, parecendo que nos distanciamos da possibilidade de diálogo com o governo e com isso colocando em risco a própria democracia.
O momento é de reflexão (e perplexidade), lembrando as palavras de João Paulo II: “Até que aqueles que ocupam postos de responsabilidade não aceitem questionar-se com valentia seu modo de administrar o poder e de tentar o bem-estar de seus povos, será difícil imaginar que se possa progredir verdadeiramente para a paz”.