Coluna Livre com Hermano Henning

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Bolsonaro nunca foi tão Bolsonaro como ontem na tribuna da Organização das Nações Unidas ao abrir a Assembleia Geral daquele organismo correspondente ao ano de 2019. E quem esperava e tinha esperança de que o presidente brasileiro aproveitasse aquele momento para expor, com moderação, os compromissos de nosso país com o meio ambiente, se frustrou. Melhor ainda, se decepcionou.

Não que não tivesse ali algumas considerações importantes. O presidente reafirmou a intensão de seu país ser dono do próprio nariz. Denunciou o ranço colonialista de líderes europeus, um recado direto ao francês Emmanuel Macron. Mas cometeu um pecado mortal ao afirmar que a expressão “patrimônio da humanidade” e “pulmão do mundo” são “falácias”.

Como previsto na coluna de ontem, foi um discurso que chamou a atenção. Não só no Brasil, como no mundo. Nisso, foi inédito. A locução brasileira na cerimônia de abertura daquela assembleia nunca foi tão provocadora. Mas o saldo, aparentemente, não foi bom.

O que pesou?

Foi não ter mostrado com objetividade o que o país faz para conter a destruição da floresta. Ou o que pretende fazer, objetivamente.  

Bolsonaro é um político de direita. Quanto a isso, o discurso foi claro. Ele não engana ninguém. E, o importante, é que ele não pretende enganar. Foi ontem o mesmo Bolsonaro que 60 milhões de brasileiros escolheram para ser seu presidente.

Ao citar o desastre da Venezuela acertou. Acertou também ao apontar os erros dos governos petistas no assalto ao país. Falou de “terroristas” que encontraram abrigo aqui, citando o exemplo do assassino confesso, o italiano Cesare Battisti, protegido do governo Lula.

Foi sem dúvida essa postura que despertou os brios do Lulopetismo. Seus seguidores reagiram indignados. Alguns mandavam no país até há pouquíssimo tempo, pouco mais de um ano. Como a presidente do PT, hoje deputada Gleisi Hoffmann, ex-senadora e poderosa ministra da Casa Civil de Dilma Rousseff.

“Foi um completo vexame”, reagiu Gleisi. O elogio a Sergio Moro, no discurso, deixou-a transtornada. No Twitter, disse que o pronunciamento de Bolsonaro “foi vazio como ele”.

O site “O Antagonista” pensa o contrário. “Foi um discurso de estadista” com “elogio explicito a Sergio Moro”.

O discurso na ONU provocou oportunismos escancarados também. João Doria, eleito governador de São Paulo na carona de Bolsonaro, convocou até uma entrevista coletiva pra dizer: “foi inoportuno, inadequado e sem bom senso”. A propósito, lembram-se do “Bolsodoria”?

Mas a atitude é facilmente explicável. Ele quer ser presidente.

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