Ao insistir em não sair da prisão, o ex-presidente Lula alardeou as razões pelo seu advogado, e por carta, deixando claro que o gesto é político.
E, pela política, ele é capaz de tudo: “só saio daqui se for declarado completamente inocente”.
Lula não quer outra coisa. E já se acostumou a tomar suas decisões à revelia da Justiça. Foi assim na sua prisão no prédio do sindicato dos metalúrgicos de São Bernardo e, ele e seus seguidores confiam, será assim na Polícia Federal em Curitiba.
Ele sai quando quiser, não quando a Justiça mandar. O próprio presidente Bolsonaro deu seu pitaco nessa história: “Quer ficar, fica…”
Lula da Silva é um prisioneiro “especialíssimo” concorda o desembargador do TRF-4, integrante da turma que o condenou em segunda instância, confirmando a pena do juiz Sergio Moro.
De fato, o ex-presidente desfruta ali no prédio da Polícia Federal, condições que se aproximam dos “privilégios”, lembrados pelo mesmo desembargador. Condição que nenhum outro preso dispõe nos presídios espalhados pelo Brasil.
O leitor pode se lembrar de outro brasileiro, condenado por qualquer crime, com os mesmos benefícios? Eu não.
Na sala da Polícia Federal, transformada em cela (cela?), onde cumpre pena desde há um ano, Lula tem benesses que a maior parte dos brasileiros honestos e trabalhadores do país não tem em suas casas. Imaginemos então os presos que se amontoam nos xadrezes Brasil afora, muitos deles sem julgamento.
Lá em Curitiba ele dá entrevistas quando quer, todas para jornalistas engajados – consegui anotar apenas uma exceção até agora, a de uma repórter da BBC Brasil. Tem TV à vontade com filmes e documentários, comida de qualidade, geladeira, frutas, sucos, esteira para os exercícios matinais, visitas também à vontade, incluindo as da noiva com quem promete casamento breve. O que mais?
Ah, ele também dá os caminhos para seus seguidores petistas. E continua desfrutando da posição de líder máximo da esquerda brasileira, idolatrado por cantores, cineastas, advogados, deputados, senadores, multidões de jovens universitários e cientistas políticos espalhados pelo país e pelo mundo. O pessoal do “Lula Livre”.
Enfim, Lula foi presidente. Tem tratamento especial. Mesmo que seja criminoso, cumprindo pena. É da nossa cultura isso? Talvez seja.
Pra terminar, eu só acho uma coisa: Lula, se estivesse numa prisão nas mesmas condições de todos os presos deste país hoje, não pensaria duas vezes: aceitaria de pronto a prisão domiciliar. Com tornozeleira e tudo.