O ex-governador Márcio França esteve ontem na cidade para dar uma entrevista ao vivo no programa Espalha Fatos da TV Guarulhos. Aproveitou a viagem e almoçou com o prefeito com quem, por certo, trocou figurinhas a respeito dos planos de ambos para as eleições do ano que vem.
Foi a primeira entrevista dada por França desde a eleição que perdeu para João Doria num disputado segundo turno, ano passado.
Em Guarulhos, com a ajuda de Guti, ele teve mais votos que o adversário. Por isso, brinca: “Se dependesse de Guarulhos, eu seria o governador”.
A candidatura a Prefeito
Foi a primeira manifestação, bastante clara, que já é pré-candidato pelo seu partido, o PSB, à Prefeitura de São Paulo.
É estranho, mas aconteceu: França deu o ponta pé inicial numa campanha fora dos limites do Município onde pretende disputar os votos. Conversamos sobre isso. No fim, chegou-se a um acordo. Guarulhos e São Paulo, a capital, se misturam. Não só geograficamente. Em muitos casos, os problemas são exatamente os mesmos.
Lembrou-se das ruas que começam aqui e terminam lá. E as que começam lá e terminam aqui.
As promessas não cumpridas do tucanato também foram lembradas. Falou-se em questões que demoraram anos para serem encaradas, como o problema da água. A solução da Sabesp. A questão do esgoto sanitário. E um ponto grave nessa história: o transporte público.
França sabe das promessas do metrô. Sabe também do abandono do setor norte do Rodoanel. E da pretensão do governador João Doria acabar com a indústria de remédios da Fundação do Remédio Popular, a FURP, que opera em Guarulhos empregando 900 funcionários.
A Fundação do Remédio Popular do Estado de São Paulo é o maior laboratório farmacêutico estatal do país, que junto com outra unidade em Américo Brasiliense, produz remédios para doenças como a hanseníase, tuberculose, diabetes, entre outras. Drogas que os laboratórios privados, no fundo, não se interessam em produzir, já que não são “economicamente interessantes”, conforme entende o deputado federal Alencar Santana, um dos autores da convocação para discutir o problema com as autoridades ligadas à saúde do Estado. E com o governador, por certo.
Será que ficou um espinho cravado lá no fundo do coração tucano com o resultado da eleição que França ganhou aqui? Depois dos 16 anos petistas, considerado “governo adversário”, continuamos no abandono?
O ex-governador do Estado não responde, mas conta a história do Jacaré: “se tem cabeça, rabo, e pele de jacaré, não pode ser outra coisa. É jacaré!”
Acho que ele quis dizer que Doria carrega hoje o tal espinho no coração.