Coluna Livre com Hermano Henning

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O pernambucano Carlos Alberto Barbosa, jornalista competente que chegou em Guarulhos ainda nos anos sessenta e por aqui ficou durante mais de trinta anos, comentou a nota que dei na coluna sobre um episódio que movimentou a cidade na eleição de Alfredo Nader a prefeito no finalzinho daquela década.

Só pra lembrar, na véspera do pleito que tinha o vereador Moriô Sakamoto como adversário, aliados de Nader fizeram publicar num jornal local a manchete em letras garrafais contando a história de um senhor japonês que assassinara um jovem candidato a genro para evitar o casamento com a filha.

Não se sabe exatamente o resultado do jogo sujo do jornalista, mas a manobra foi vista como algo parecido com que Fernando Collor fez no embate contra Lula, denunciando, na televisão, o caso da filha ilegítima de seu adversário. Aconteceu na primeira tentativa do então líder metalúrgico chegar à presidência, derrotado que foi por Collor.

Como a diferença dos votos entre Nader e Sakamoto foi pequena, atribuiu-se à manobra o ponto a mais que fez com que o jogo eleitoral virasse com a vitória do primeiro.

Por questão de justiça, é importante dizer que, embora beneficiado, Alfredo Nader não participou diretamente da trama. Até onde eu sei é completamente inocente. O líder metalúrgico Vicente Gonçalves Filho, se vivo fosse, poderia nos indicar o responsável.

Com isso, essa história fica por aqui.

Mas o que interessa mesmo foi a reação do prefeito Waldomiro Pompeo que tanto lutara para eleger Moriô seu sucessor e acabou falando sozinho. Ele voltaria depois à Prefeitura na sucessão do interventor Jean Pierre Herman de Moraes Barros.

Mas o Barbosa, dono de um merecido título de cidadão honorário de Guarulhos, lembrou que Pompeo, do alto de sua elegância e sabedoria, jamais se referiu àquele episódio. Não culpou ninguém, nunca reclamou e se recusou a entrar em briga com o prefeito eleito. Pelo contrário, eram amigos. Incrível como se respeitavam.

Nader ficou pouco tempo no cargo. Foi destituído por um ato de força dos militares que declararam Guarulhos “área de segurança nacional” com a consequente intervenção federal.

Os mais antigos lembram-se dos fatos que se sucederam naqueles dias agitados culminando com a cassação de Alfredo Nader.

Os saudosos Heitor Mauricio de Oliveira, Alfredo de Vasconcelos Noronha e João Ranali, poderiam escrever mais sobre a história de Guarulhos naqueles anos. Mas já nos deixaram.

Meu amigo Barbosa continua muito vivo e dono de boas lembranças.

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