Estou curioso para saber como os políticos de Guarulhos encaram a decisão de seus colegas de Brasília que concordaram em destinar os bilhões de reais tirados do bolso do brasileiro para financiar suas campanhas no ano que vem. Eles falam pouco sobre isso. Ou melhor, nunca falam.
É realmente difícil justificar para o eleitor o desvio das verbas da educação e saúde para financiar a impressão de santinhos, pagamento de cabos eleitorais, combustível para os carros de propaganda, o que mais? Talvez o pagamento para contratados operarem nas redes sociais disparando mensagens apócrifas. Ou até jornalistas (jornalistas?) que se dispõem a veicular “notícias” rotuladas de “escândalos” para prejudicar adversários.
Tudo bem. Há gente disposta a tudo para faturar um extra nas campanhas eleitorais.
Duro de engolir é o fato de o financiamento dessas atividades vir de uma decisão política de Brasília que impôs ao brasileiro o ato de financiar tudo isso. Eles queriam 3,8 bilhões! Depois da gritaria geral, se contentam com 2 bilhões, alguns milhões a mais do que foi gasto no último pleito. Dizem que agora, em 2020, o número de candidatos, em nível municipal, é bem maior. Mais dinheiro vai ser gasto.
Aqui em Guarulhos ninguém se manifesta, mas os chamados grandes partidos estão a favor. O líder do PT na Câmara dos Deputados afirma que sua agremiação ganhou a condição de ser a mais bem aquinhoado pelo simples fato de ter tido mais votos. “Ganhamos esse direito nas urnas”, diz Paulo Pimenta, deputado gaúcho líder da bancada petista.
Se são poucos os políticos com coragem suficiente para defender essa posição, começam a surgir alguns formadores de opinião que chegam a justificar o desvio dessa grana toda para facilitar a vida dos políticos.
Um dos articulistas do jornal Folha de S. Paulo defendeu ontem, na cara dura, que “é preciso saber que democracia tem um custo e ele não é pequeno”.
Publicado na página nobre do jornal, o comentário com o título “Democracia tem preço”, chega à conclusão de que “mesmo que não houvesse esse fundão, esses 2 bilhões possivelmente não iriam para a merenda das criancinhas”.
Ranier Bragon, que assina a coluna, acrescenta que os dois bilhões “poderiam ir pra qualquer coisa – incluindo o “custeio da logística para Jair Bolsonaro acompanhar in loco as rodadas do brasileirão”.
Entendi que ele acredita que o povo brasileiro segue a orientação do presidente para se insurgir contra essa ideia de financiar a politicalha. Será que Bolsonaro merece o elogio?
Difícil, não é?