Chega a causar um certo espanto que quase 38 milhões de brasileiros, de acordo com uma pesquisa feita pelo Atlas da Notícia não têm acesso às informações que falam de sua comunidade.
São cidades que não contam com um veículo local, seja ele um simples jornal semanário, ou uma pequena emissora de rádio.
A realidade mostra um imenso público que vive na maior parte dos municípios brasileiros, 62,6% do total, considerados “desertos de notícias” onde não existe um simples “serviço de alto falantes” com capacidade de informar à população o que ocorre na sua vizinhança.
Na região nordeste essa situação alcança 73,5% dos municípios e no norte do Brasil, 71,8%. Essas duas regiões são as que apresentam os maiores e mais significativos “desertos”.
No estado do Tocantins a porcentagem dos moradores que não tem nenhuma informação da vida local chega a 89,2%. No Rio Grande do Norte são 85,6%, no Piauí 83% e na Paraíba 81,6%. O fenômeno deixa de lado apenas as capitais dos estados e algumas cidades maiores.
Isso sem falar nos “quase desertos”, representados por comunidades onde não há mais do que um ou dois veículos jornalísticos. São 27,5 milhões de brasileiros que vivem nessa situação.
Esses números são extremamente importantes quando se constata que boa parte da população brasileira é mal informada na hora de votar. Como escolher o candidato?
Essa questão tende a ser encaminhada para um processo defeituoso. Muitos acabam optando por escolhas submetidas à influência do “ouvi dizer”, dos cabos eleitorais, ou simplesmente chegando a um nome aleatório na hora do voto.
Confesso que pensei muito em Guarulhos diante desses fatos.
Contamos hoje, sem dúvida, com um razoável trabalho de comunicação no que diz respeito à imprensa escrita. Afinal, são dois jornais diários. Esta Folha fala das coisas da cidade. Cobre a vida administrativa ao mesmo tempo em que dá destaque às notícias da política. Os trabalhos na Câmara Municipal sempre estiveram dentro do nosso radar.
Guarulhos, no entanto, não tem rádio. Este é um serviço importantíssimo quando se fala em comunicação popular. A existente Boa Nova, de ondas médias, não dá bola para a cidade. Temos uma emissora comunitária de TV, mas ainda longe de nossas expectativas sem atender as necessidades de uma comunidade que já atingiu mais de 1 milhão e 300 mil habitantes.
Nossos políticos terão que gastar muita sola de sapato pra chegar aos eleitores nesta campanha eleitoral. Ou caprichar nas redes sociais. Desta vez, mais do que nunca, elas serão o caminho mais eficiente pra chegar ao eleitor.