Coluna Livre com Hermano Henning

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Regina Duarte, a namoradinha do Brasil, vai dizer sim ao presidente Bolsonaro e ser investida no cargo de Secretária da Cultura. Ou até mesmo Ministra da Cultura, no caso de se devolver à pasta o status de ministério. O anúncio com a aceitação definitiva da atriz será feito hoje, quarta-feira, conforme combinado.

Acho uma boa e estou torcendo por ela, acreditando que torcer para o sucesso dessa senhora é torcer pela Cultura.

E acreditar que, longe de tipos como o ex-secretário Roberto Alvim, Regina Duarte, independentemente das posições assumidas com aquela história de “medo de Lula e do PT”, terá uma missão importante no órgão: pacificar o setor.

Percebi que, mesmo entre os críticos do governo na área da arte e da cultura, foi difícil encontrar quem estivesse disposto a bater com força nesta escolha do presidente. E olha que eles são muitos. Quase a totalidade.

Talvez não tenha procurado o suficiente, mas lembro que Gilberto Gil, ex-ministro da Cultura de Lula, festejou a indicação. Achei ótima a saída de Lima Duarte quando saudou a Viúva Porcina e seu “novo Sinhozinho Malta”.

A Cultura precisa disso. Agora, é ir atrás do prejuízo.

Regina Duarte vai precisar se cercar de gente bem-intencionada. Há que jogar uma tábua de salvação para o setor do audiovisual, por exemplo. E a Lei Rouanet. O teto de um milhão de reais é suficiente? Ele pode ser revisto? E a censura às obras de arte?

Regina Duarte é artista desde adolescente. Estreou em 1965 na antiga TV Excelsior. Agora, em fevereiro, faz 73. Chegou a ser vista como militante de esquerda durante a ditadura. Os órgãos de segurança a tinham como “infiltrada na televisão”. Na época do relatório do SNI, figurava no elenco da novela “Sétimo Sentido”, de Janete Clair. Foi vista com desconfiança também na época da série “Malu Mulher”.

Hoje, a namoradinha do Brasil se declara “conservadora” e não se acanha em dizer que é “de direita”.

Ser “de direita”, para os jornalistas de minha geração sempre soou como algo vergonhoso, um absurdo. Percorri todos os anos, de 1964 a 1985, exercendo essa profissão. Tive muitas laudas escritas para a revista Veja censuradas. Convivi no exterior com amigos e companheiros exilados. Sofri a autocensura da Rede Globo quando correspondente na Europa e repórter no Brasil.

Algo difícil de deixar pra trás. Mas, acho que consigo entender que este país elegeu um governo de direita. E agora? Pode existir um governo assim, sem o uso da censura, por exemplo? Podem me chamar de ingênuo, mas acho que sim.

Regina Duarte está aí. Que bons fluidos a cerquem.

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