Coluna Livre com Hermano Henning

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Um outdoor na entrada de Guarulhos, pra quem chega da rodovia Presidente Dutra alcançando a avenida Tiradentes, mostra que Fran Corrêa assumiu finalmente a candidatura à prefeita. Com o cuidado de não escancarar a pretensão por motivos legais está claro, o texto do grande painel limita-se a informar que ela é agora a presidente local do diretório do partido do governador João Doria, o PSDB.

Sorridente, como convém numa peça de propaganda, Doria aparece na foto ao lado da afilhada sugerindo ser ela seu nome para a disputa deste pleito de outubro. Esclareço que a dedução é minha. Fran e Doria, uma bela dobradinha… Apoio de peso.

Um dos homens da equipe do governador me revelou ontem que, se o outdoor foi encomendado pelo partido não há o que discutir. Ele entende que não se trata de propaganda, o que é proibido pela lei eleitoral. Perguntei se João Doria estava ciente da iniciativa de sua candidata em Guarulhos ele não soube me responder com segurança. “Provavelmente sim”, emendou.

Então, estamos conversados.

Repórter agredida

Esta coluna não pode deixar passar em branco a ofensa do presidente Jair Bolsonaro à repórter do jornal Folha de São Paulo insinuando comportamento indigno para a preparação da reportagem que mostrou o uso de agência de disparos de mensagens na campanha que resultou em sua eleição.

O presidente referenda declaração mentirosa da testemunha ouvida numa das audiências da CPMI segundo a qual a repórter estaria disposta a trocar informação por sexo. Acusação falsa conforme demonstrou o jornal com muita propriedade no dia que se seguiu ao depoimento. Não bastasse o fato de Patrícia, filha de meu velho companheiro da revista Veja, Hélio Campos Mello, com quem dividi a preparação de boas reportagens, ser considerada hoje uma das mais respeitadas jornalistas deste país. Como o pai, Patrícia Campos Mello tem uma história no jornalismo brasileiro.

“Bolsonaro insulta repórter da Folha com insinuação sexual” destacou o jornal em primeira página em sua edição dessa quarta-feira. “Ela queria um furo. Ela queria dar um furo”, disse o presidente, esquecendo-se que deve aos brasileiros que o elegeram o que o ex José Sarney chamava de “liturgia do cargo”. Em outras palavras, decoro.

Se temos de um lado a dignidade de uma profissional séria e competente, digna, do outro, infelizmente, se destaca a sordidez que só atitudes impensadas e maldosas revelam. A nós, brasileiros, só resta insistir na observância desse respeito que todos merecemos. Mesmo porque, neste caso, não foi só Patrícia a ofendida.

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