Coluna Livre com Hermano Henning

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A campanha pela Prefeitura e Câmara aqui em Guarulhos nem bem começou mas dá pra sentir até onde pode nos levar quando a coisa esquentar. Um simples comentário de um dos nossos mais antigos e conhecidos observadores da política local, jornalista, sobre janela partidária e outros quetais, levou a uma explosão de ódio a ponto de provocar uma impressão bem ruim de um desses nossos pré-candidatos a prefeito. O esquema é ter um grupo de seguidores, muitos deles pagos, pra descer o nível e bater no adversário. Quanto mais abaixo da cintura melhor. O primeiro passo, como se viu, é a humilhação. Depois é baixaria escancarada.

Fico pensando como a coisa vai se desenrolar daqui pra frente. Mesmo porque a agressão bate e volta e cada vez com mais intensidade. O panorama não é bom. É fácil prever.

Dizem que isso já ocorreu na eleição passada. Não acompanhei, mas disseram que o nível esteve lá embaixo e que a expectativa neste pleito de 2020 é a de que não haverá limites. Sempre entendi que político vive de votos e é deles que precisa pra ser eleito. Por isso, pergunto: ficar se ofendendo na internet dá votos? Trocar ódio leva a algum resultado? Custo a acreditar nisso. Ninguém fala ou discute sobre nossas necessidades. É disso que Guarulhos precisa? Acho que não. Penso como eleitor.

Essa questão do ódio nas redes sociais foi lembrada ontem num artigo de página inteira na “Folha Ilustrada” escrito pelo diretor de cinema José Padilha. Ele assinou contrato para dirigir uma série de ficção sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco, um crime que abalou o Brasil. Padilha disse que, antes mesmo de começar, sofreu tanta pancada a ponto de chamar a coisa de “linchamento moral”.

A série, segundo os detratores, deveria ser dirigida por um negro, alguém identificado com a luta contra o racismo e os “valores defendidos por Marielle”. Ou seja, para eles, como o diretor não se encaixa na definição, ele é “racista”.

O que a patrulha quer é alguém “saído da luta progressista”, como deixou bem claro o ex-deputado Jean Wyllys, ouvido pela colunista Monica Bergamo em declaração publicada na mesma edição do comentário de Padilha. Deferência especial da colunista.

“O mínimo que ele poderia fazer é um mea culpa honesto”, disse Wyllys.

Sabe qual foi o pecado de Padilha?

Ter dirigido a série “O Mecanismo” exibida pela Netflix contando a história da Lava Jato e do roubo da Petrobrás.

Padilha, no artigo da Folha, repetiu uma bela frase de Malcolm X: “O inimigo não é o racismo. É o ódio”.

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