Imaginem o caso. O prefeito de uma pequena cidade do interior requisita o único tubo de oxigênio do hospital local pra gelar o chope em sua casa pra animar a reunião da família e dos amigos.
Dá para acreditar?
Aconteceu no Paraná. Foi no réveillon de 2012 para 2013. Exemplo de como nesses recantos mais isolados do Brasil esse tipo de coisa acontece sem que o resto do país se dê conta.
Não foi nesse caso, pois o assunto, mesmo pouco considerado pela imprensa que parece só ter olhos voltados para Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro, ganhou os tribunais. E teve consequências.
Vamos à história toda.
A Justiça determinou que José Claudio Pol, ex-prefeito de Luziania, no centro-oeste do Paraná, vá a júri popular pelos crimes de homicídio qualificado, por motivo fútil e peculato, que é a apropriação de recursos e bens públicos.
Segundo o G1 Norte, Pol, que foi prefeito entre 2009 e 2012, é acusado de desviar um cilindro de oxigênio de uma unidade de saúde para usar em um barril de chope durante uma festa particular na casa dele.
Se ficasse por aí, menos mal. Mas a atitude do prefeito, de acordo com a denúncia do Ministério Público, “contribuiu para a morte de uma paciente da cidade que precisou ser transferida para Campo Mourão, a trinta quilômetros de Luziania”.
A notícia do G1 diz que o cilindro de oxigênio aparece em fotos publicadas por familiares do ex-prefeito nas redes sociais.
Crime doloso
A juíza Mayra dos Santos Zavattaro da 1ª Vara Criminal de Campo Mourão aceitou a denúncia e decidiu submeter o réu a júri popular, considerando a ação do prefeito como crime doloso.
Ao dar a notícia ontem, na Rede Brasil, o jornalista Nei Gonçalves Dias acentuou a questão de se concentrar as notícias nos grandes centros, esquecendo-se dos absurdos que ocorrem por este Brasil. E citou o exemplo de prefeitos que confundem as coisas, considerando bens públicos como propriedade particular. Esse caso do Paraná terminou em tragédia, e por isso acabou chegando por aqui, mas exemplos menos graves acontecem sempre e permanecem perdidos, ganhando no máximo pequenas notas na imprensa nacional.
Luziania e Campo Mourão não podem ser consideradas como localidades perdidas nos grotões do país. Mesmo assim, até agora, não vi esta notícia do prefeito aparecer em nenhum dos nossos noticiários de maior audiência…
Não deve ter sido considerada suficientemente importante.