A terça-feira foi um dia especial. E muito movimentado. Em Brasília, na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados era aprovado o relatório da Reforma da Previdência depois de nove horas de discussões acaloradas. O primeiro passo para o projeto do governo que mexe na aposentadoria de todos os brasileiros chegar ao plenário. Muita briga.
Também em Brasília, no edifício sede do Superior Tribunal de Justiça, os ministros que compõem a Quinta Turma decidiam se anulavam ou não o processo que levou o ex-presidente Lula à prisão. Foram votos intermináveis que terminaram por consolidar as condenações impostas pelas primeira e segunda instâncias.
A TV transmitiu direto e ao vivo os dois eventos.
Em Guarulhos, não a televisão – a TV Câmara está fora do ar – mas a internet, operada por um jornalista dedicado, transmitiu também ao vivo um encontro que reuniu os principais políticos da cidade, pelo menos em tese. Nossos trinta e quatro vereadores.
Enquanto o destino de Lula e da nova previdência eram discutidos na Capital Federal, aqui no prédio da João Gonçalves, na sessão legislativa, discutia-se, e com muita veemência, o novo ponto de retorno aberto na avenida Paulo Faccini.
Foram quase duas horas de discussão. Praticamente todos os vereadores entraram na briga. Uns contra, outros a favor do ponto de retorno na via pública que, a partir de agora, vai proporcionar aos motoristas, vindos do viaduto de acesso à cidade, entrar à esquerda. Com isso, pode-se alcançar com mais facilidade as ruas do Centro sem precisar ir até o fim de Paulo Faccini, lá no Bosque Maia.
A obra mexeu com o brio de nossos vereadores. Foi tão feia a briga que Janete Lula Pietá, do PT, confessou estar tão transtornada que precisaria consumir uma tonelada de sorvete ao chegar em casa pra poder compensar os “momentos de tensão”.
Assunto nosso
Essa história comprova o ponto de vista de que o assunto doméstico toca mais a gente. Quanto mais perto de nós, mais importante ele é. Nada contra a atuação dos vereadores. Pelo contrário. É evidente que houve um certo exagero, mas eles estão lá pra isso. Discutir os assuntos da cidade. As coisas que nos interessam mais de perto. Nenhum deles na sessão de terça-feira sequer comentou o que estava acontecendo com a reforma da Previdência. Da condenação do ex-presidente então, nem se fala. O que estava interessando, na verdade, era o retorno da Paulo Faccini.