Ana Cristina Kantzos, secretária municipal da Saúde, até concorda com a afirmação de que o setor representa hoje o “calcanhar de Aquiles” da administração do prefeito Guti. E tem uma explicação curta e grossa para justificar: “falta dinheiro”. Simples assim.
Por trás de todas as dificuldades que a saúde pública sofre no Município – as enormes filas nos hospitais e postos de saúde, a dificuldade na obtenção de remédios, a espera pelos exames clínicos e laboratoriais – estão as enormes dívidas. A começar pelos compromissos junto aos laboratórios fornecedores desses remédios. A isso se junta a contratação de mais médicos para dar vazão às consultas.
A Secretaria da Fazenda tenta zerar o caixa mas há ainda muita dívida que não pode ser paga. Se fizer isso se arrisca a ficar sem remédio no estoque. Atualmente, a secretária afirma, a Prefeitura de Guarulhos dispõe de setenta por cento desses remédios. O setor está se normalizando. O déficit de remédios à disposição da população carente chegou a números bem maiores. Na verdade, eram invertidos. O estoque só cobria trinta por cento da demanda.
A médica Ana Cristina está na Prefeitura desde o começo da administração do prefeito Guti. Era diretora de departamento, um cargo abaixo do então secretário, Sergio Iglesias. A função é desgastante. Iglesias jogou a toalha depois de enfrentar ambiente hostil na área política. O experiente e dedicado médico costumava dizer que o cargo exige casca grossa.
A verdade não morre
Lula, na prisão, reagiu bem à notícia do grampo na operação Lava-Jato. “A verdade fica doente, mas não morre”, exclamou ao comentar o vazamento das conversas do então juiz Sergio Moro com o procurador Deltan Dallagnol.
Quem ouviu a frase diretamente da boca do ex-presidente foi o advogado Cristiano Zanin. Zanin a divulgou ontem, no meio da tarde, momento em que um batalhão de repórteres se encontrava às portas do STF para saber da reação dos ministros. Um deles, togado, disse antes num programa de TV que, agora, até assumir uma das cadeiras da corte, Sergio Moro será “vidraça”. E lembrou da “euforia” provocada pelas notícias do grampo num montão de políticos envolvidos nas denúncias de corrupção.
O rapper e os grampos
Especialista em inteligência e segurança digital ouvido ontem pelo repórter Fernando Martins, da Rede Brasil, foi taxativo ao afirmar que “Moro já está grampeado há muito tempo”. Segundo ele não há uma autoridade da República, em Brasília, livre do rapper.