Coluna Livre com Hermano Henning

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O padre Geraldo Penteado de Queiroz permaneceu em Guarulhos por décadas à frente de nossa matriz, Nossa Senhora da Conceição. A paróquia pertencia ao bispado de Mogi das Cruzes, na época, anos sessenta e setenta do século passado. Foi ele, padre Geraldo, o responsável pela reconstrução da secular igreja com a corajosa reforma que trocou as grossas paredes de barro socado por concreto, sem mexer na estrutura do templo. As paredes de pau a pique, erguidas ainda com os índios guarus, ameaçavam desabar.

Depois da reforma, a velha igreja permaneceu com suas características intocadas e preservadas. Está lá, imponente e bela, no movimentado largo da rua D. Pedro II, onde existia um bem cuidado coreto. Hoje o lugar é ocupado por um movimentado ponto de ônibus. Fazer o que?

Padre Geraldo era um velhinho simpático, sempre sorridente, amigo de todos. Ali ao lado da matriz estava o Instituto Monteiro Lobato que me outorgou o diploma de técnico de contabilidade. A escola, como o coreto da praça, não existe mais.

Na época de correspondente do Estadão fui ouvir o padre para uma série de reportagens que acabou sendo premiada com o Prêmio Esso por equipe, “Uma Criança em Perigo”. Padre Geraldo falava da preocupação em amparar os filhos de mães, que trabalhavam nas indústrias de Guarulhos.

Foi quando descobri o FAC, o Fraterno Auxílio Cristão. O FAC era uma creche que cuidava de uma centena de crianças, funcionando também como escola, de início em instalações acanhadas na rua Francisco de Paula Santana, pertinho do Corpo de Bombeiros, no bairro do Macedo.

O FAC nasceu em 1972 e cresceu com a ajuda de uma lutadora, dona Tereza Cotrin, liderando um grupo de senhoras católicas que tinha duas outras figuras incríveis: dona Dominga e a professora Helena Saud. Com a morte de Dona Tereza, a professora Helena dirigiu a creche do FAC durante 33 anos. Com um detalhe. Sempre como voluntária. Nunca recebeu um tostão pelo trabalho que, entre outras atividades, consistia em percorrer a cidade atrás de doações para manutenção da obra. Dona Dominga era sua fiel companheira. Era a vice-presidente.

O Fraterno Auxílio Cristão resistiu até há dois anos quando paralisou de vez. Os convênios com as empresas que o mantinham ficaram mais difíceis. As doações se tornaram escassas. E entre as senhoras voluntárias, muitas, já não estão entre nós. O padre Geraldo nos deixou há uns bons anos. Mas o amplo prédio, com um espaçoso auditório e salas de aula, continua lá, abandonado. Uma pena.

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