A pandemia provocada pelo novo coronavírus trouxe
forte impacto para a lucratividade dos bancos na primeira metade de 2020. Dados
divulgados nesta quinta-feira pelo Banco Central mostram que, no primeiro
semestre do ano, os bancos registram lucro líquido ajustado de R$ 40,8 bilhões.
O valor representa uma queda de 31,9% em relação ao mesmo período de 2019.
Outra medida importante para avaliar o
desempenho dos bancos, o Retorno Sobre Patrimônio Líquido (ROE) do sistema
atingiu 11,2% ao ano em junho de 2020, ante taxa de 17,8% em junho do ano
passado. Já o ROE acumulado em 12 meses até junho deste ano foi de 13,6%, ante
16,7% do acumulado até dezembro de 2019.
Esta retração do retorno obtido pelos bancos
está diretamente relacionada à pandemia. Em meio à crise, as instituições
financeiras elevaram o volume de provisões para fazer frente à inadimplência.
As despesas dos bancos com provisões somaram R$ 65,0 bilhões no primeiro
semestre de 2020, o que representa um aumento de 80% em relação ao visto no
primeiro semestre de 2019. Os números foram divulgados por meio do Relatório de
Estabilidade Financeira (REF) do BC.
Na prática, os bancos estão reservando mais
recursos para fazer frente a mais casos de inadimplência de empresas e
famílias, o que reduz seu lucro.
Segundo o diretor de Fiscalização do Banco
Central, Paulo Souza, o lucro do sistema financeiro em 2020 deve cair para um
patamar entre R$ 80 bilhões e R$ 85 bilhões, na esteira da pandemia.
“Estimamos uma redução do lucro entre 30% a 35% neste ano, devido ao
aumento de provisões. Deve haver certa retração ainda na rentabilidade dos
bancos até o fim deste exercício”, avaliou, em entrevista coletiva.
Souza disse ainda que, mesmo com a queda nas
taxas de juros, a mudança de mix das carteiras tem permitido a manutenção da
margem dos bancos. “Mas as despesas com provisões e a queda de receitas de
serviços vai puxar a rentabilidade do sistema como um todo para baixo”,
completou.
Conforme o diretor do BC, mesmo antes da
pandemia existia a visão de que uma redução da Selic (a taxa básica de juros)
levaria a uma diminuição do lucro dos bancos. Atualmente, a Selic está em 2,00%
ao ano, no menor patamar da história. Antes da crise da covid-19, em dezembro
de 2019, a taxa já estava em níveis baixos (4,50% ao ano). “Com Selic
menor, já era normal esperar redução do nível de retorno dos bancos”,
pontuou.
Para Souza, um retorno na faixa de 13% ainda
traz “atratividade” para o sistema financeiro. “Fica difícil
prever o que vai acontecer em 2021, porque a pandemia é severa e houve
provisões”, disse o diretor. “Mas em um cenário com juros mais
baixos, o retorno de qualquer empresa tende a ser menor. Uma rentabilidade
entre 10% e 12% é o que devemos observar no sistema financeiro.”
Com pandemia, lucro dos bancos cai 31,9% no 1º semestre, diz BC
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