Da Redação
Um idoso. Uma criança. Uma gestante. Um doente. Como escolher quem mais precisa de ajuda em uma enchente? É com um controle emocional e treinamento técnico que Natália Giovanini, primeiro-tenente do Comando de Aviação da Polícia Militar de São Paulo, conseguiu resgatar, em um procedimento considerado “cirúrgico”, a garota Ana Clara, de quatro anos de idade, que ficou presa na Ponte da Freguesia do Ó, na zona Norte da capital paulista, por causa dos alagamentos no último dia 10 de fevereiro.
“Foi um dia bem difícil na cidade, com vários pontos de alagamento e quem conseguiu chegar no comando já foi assumindo as aeronaves. Recebi um chamado referente a uma menina que estava ilhada na Ponte da Freguesia do Ó e que estava precisando ir para o Hospital Samaritano fazer hemodiálise e ela não conseguiria chegar naquele dia”, lembra a tenente, que pilota o helicóptero Águia da PM há seis anos.
A hemodiálise é um procedimento feito com uma máquina que limpa e filtra o sangue do paciente, ou seja, faz parte do trabalho que o rim doente não pode fazer. É indicado para pessoas com doença renal grave.
“Com ajuda de um agente dos bombeiros conseguimos pousar na ponte e colocamos a garotinha na aeronave. Como piloto, tento descontrair, né? Ana Clara ficou bem sorridente. Ela e a mãe, acredito, ficaram aliviadas quando decolamos”, descreveu a tenente Natália.
De acordo com registro do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o volume de chuvas que atingiu a capital paulista nos primeiros 11 dias de fevereiro em São Paulo foi o maior desde 1999. Foram 342,7 mm de chuva, superando em 37% o esperado para o mês inteiro.
A Polícia Militar trabalhou com três aeronaves naquele dia e sete pessoas foram resgatadas, quatro com a ajuda de um cesto anexado ao helicóptero. “Tem que observar a segurança. Não adianta colocar todo mundo e a aeronave não conseguir subir”, explica a tenente Natália Giovanini, que participou de outros casos, como o de Brumadinho, em Minas Gerais, no ano passado.
Imagem: Thiago Queiroz/Estadão