Novamente nos deparamos com Eduardo Bolsonaro soltando impropérios contra desafetos do governo de seu pai. Desta vez o alvo foi a jornalista Mirian Leitão, que após uma crítica na última sexta-feira, foi obrigada a relembrar as torturas e terrível passagem pelos tempos da ditadura, tendo o deputado postado em suas redes sociais a frase “Ainda com pena da cobra”, ironizando o fato da humilhação sofrida pela jornalista quando foi espancada e trancada numa mesma sala com uma jiboia.
O deboche de Eduardo Bolsonaro é desumano, é covarde!!!
Não podemos admitir que se brinque com a dor alheia e quanto menos de quem foi torturada, nada justificando gracejo sem graça que se fez, nos parecendo que reabrir a ferida desta triste passagem lhe causa o entusiasmo do próprio torturador, algo inaceitável principalmente quando desferido por um representante do povo, por um deputado federal que deveria respeitar a história de seu povo.
O ato de covardia é ainda mais odioso quando se ter em mente a figura de não mais que uma simples adolescente; à época Mirian tinha apenas 19 anos, estava grávida, foi terrivelmente espancada com golpes que lhe abriram a cabeça, foi trancafiada em uma sala escura com uma cobra (a jiboia referida pelo deputado) como forma de lhe amedrontarem. Algo de muita maldade, perverso, desumano, desnecessário de lembrar e quanto menos pela sua ironia, o qual deveria ser minimamente respeitado pelo simples fato da tortura em si, tortura imposta como represália política e em flagrante constrangimento das liberdades individuais.
Mirian Leitão foi presa e torturada pelo simples fato de ser militante do PCdoB, partido clandestino na época, ou seja, foi presa por razões políticas, jamais participou de roubo a bancos ou coisa parecida, como falsamente circularam mensagens para justificar os atos abusivos que lhes foram impostos pela ditadura, aliás, esta mentira já havia circulado antes, entre os anos de 2018 e 2019, agora voltou a circular logo após a postagem de Eduardo Bolsonaro, parecendo-nos certo que não basta a ironia, a ofensa em si, tem que haver algo a mais (de desinformação) para manter ou conquistar adeptos do bolsonarismo e do próprio regime de exceção.
Aliás, se pensarmos que uma simples crítica como a manifestada pela jornalista, que Jair Bolsonaro “é um inimigo confesso da democracia”, não possa ser dita sem que haja revide, teremos que repensar a própria democracia, pois estaríamos (re)vivendo os limites da liberdade de expressão e opinião, tal como visto na ditadura militar, tal como pensado e até muitas vezes manifestado neste governo que encontra espaços para saudações e homenagens ao golpe militar e seus odiosos atos de poder.
O deboche é lamentável. A todos faz muito mal, é desumano, traz de volta o que de pior ficou daqueles tempos: a tortura. É um ato injustificável, é covarde!!!
