Crianças enviam cartas com mensagens de empatia a idosos que vivem em asilos

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Alunos do 5º ano do ensino fundamental do Colégio Marista Glória, da capital paulista, estão escrevendo cartas para idosos que vivem em asilos, a fim de levar a eles conforto emocional em meio à pandemia.

Com o objetivo de fazer as crianças nutrirem empatia pelos mais velhos, a atividade é realizada em parceria com o Projeto Recrear, criado por estudantes e professores de Enfermagem, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), empenhados em amenizar a solidão de quem vive em casas de repouso.

O trabalho dos pequenos resultou em mais de 20 cartinhas. “Quero dizer que estou passando o mesmo que vocês e, por causa disso, gostaria de compartilhar meu amor, carinho, conforto e companhia”, escreveu Pedro, de 10 anos.

“Todos nós no mundo estamos passando por essa situação, mas logo tudo irá passar, não é mesmo? Só ter fé. Não sei muito bem quem está lendo isso, mas sei que é uma pessoa bem fofa e carinhosa”, afirmou Julia, também de dez anos.

“Fique tranquilo. Seus parentes ainda te amam muito e nunca vão deixar de amar mesmo de longe. Você que está lendo essa carta, espero que goste. Fiz com muito amor e carinho. Beijos virtuais de sua amiga”, disse Lara.

A equipe do Recrear contou ao Estadão que está montando a logística de entrega das cartas a distância para evitar que o público da terceira idade seja infectado pelo novo coronavírus. Os voluntários contam com uma rede de parcerias e já acumularam cerca de 90 cartas de diversas pessoas e instituições. Eles também receberam doações de máscaras de tecido, que serão entregues aos asilos junto com as mensagens de carinho.

Precisamos de adultos mais empáticos

A professora das crianças do colégio Marista Glória, Tânia Regina, explica que a capacidade de se colocar no lugar do outro é algo bastante complexo para os pequenos. Assim, a melhor estratégia para ensiná-los essa virtude é aproveitar as situações da vida real. “Isso permite que eles enxerguem o mundo e as pessoas sob uma nova ótica. Meninos e meninas precisam desde cedo criar experiências de vida para desenvolverem sensibilidades”, afirma.

Educadora há 30 anos, Tânia acredita que esse tipo de atividade na infância é um passo importante para a formação de adultos melhores no futuro. “Não podemos, como pais e professores, desvincular a educação emocional da parte acadêmica, pois ambas andam lado a lado”, analisa.

“A empatia precisa, mais do que nunca, ser levada a sério fora e dentro da escola, principalmente neste tempo de pandemia. O mundo exige pessoas cada vez mais empáticas para com as questões globais. Se não entregarmos pessoas mais humanas para o mundo, o que será de nós? Precisamos de médicos mais empáticos, advogados mais empáticos, administradores mais empáticos.”

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