Diagnóstico de endometriose leva, em média, 7 anos

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Cólica menstrual muito forte com piora progressiva pode ser um sintoma 

O mês de março é dedicado à conscientização sobre os problemas de saúde feminina. A endometriose, que acomete cerca de 10% das mulheres brasileiras na idade reprodutiva, é um deles. Ainda que tenha uma alta prevalência, o diagnóstico costuma demorar para ser definido e iniciar uma orientação terapêutica. Em média, leva-se sete anos para descobrir a doença. 

O distúrbio se caracteriza pela implantação do endométrio, tecido glandular que reveste a cavidade do útero, fora dele. Este tecido é mensalmente estimulado pelos hormônios e, quando não ocorre gravidez, ele descama em forma de menstruação. Estes implantes também sofrem estímulo hormonal durante o ciclo menstrual e acabam tendo discreto sangramento local, provocando reação inflamatória, causando o sintoma mais frequente da endometriose, a dor. 

“Existem várias teorias sobre o que causa a endometriose, mas a mais comum e aceita pela medicina é a menstruação retrógrada, ou seja, toda mulher, além de ter o sangue escoado pela vagina, também tem a presença deste sangue retornando pelas tubas uterinas e alojando-se na cavidade abdominal, podendo ocasionar o implante dessas células em qualquer região da pelve”, explica Dr. Claudio Bonduki, ginecologista do Hcor. 

Segundo o médico, a maioria dos casos de endometriose possui um diagnóstico tardio, por causa da pouca atenção às cólicas menstruais. “O principal sintoma do distúrbio é uma dor menstrual que aumenta progressivamente na região da pelve e/ou lombar. Na grande maioria das vezes, a própria paciente acaba não percebendo que a intensidade da dor está ficando mais forte, com necessidade de cada vez mais analgésicos e, por vezes, limitando as suas atividades habituais”, alerta o médico. 

Além da cólica menstrual, outros sintomas também devem ser observados, como dores durante a relação sexual e, eventualmente, a apresentação de sintomas urinários ou intestinais durante a menstruação, que podem estar ligados à infertilidade. Geralmente, o distúrbio tem início na adolescência, mas por causa do diagnóstico tardio, a incidência maior é entre 25 e 35 anos. 

“As regiões mais afetadas pela endometriose são o peritônio (membrana que recobre as paredes do abdômen), os ligamentos uterinos, os ovários e tubas uterinas e, menos frequentemente, a bexiga e o intestino. O diagnóstico é feito por um tripé de avaliações: análise clínica, exame ginecológico e, por fim, exames de imagem (ultrassonografia e ressonância magnética). Só assim podemos ter uma conclusão mais precisa da doença”, relata.

É importante ressaltar ainda que os principais tratamentos têm como objetivo o alívio da dor, evitar as sequelas da doença, especialmente a infertilidade, e a prevenção da reincidência da doença após o tratamento. “A escolha da terapia tem que ser bem individualizada, sempre analisando os dados clínicos, os exames ginecológicos e de imagem. A endometriose leve pode ser tratada com a administração de progesterona ou pílulas contraceptivas combinadas cíclicas ou contínuas”, afirma Dr. Claudio. 

Em casos de indicação cirúrgica, a orientação é realizar a videolaparoscopia ou cirurgia robótica, preservando útero e ovários, principalmente para as mulheres que ainda desejam engravidar. Essa opção remove todos os tecidos comprometidos pela doença e restabelece a anatomia e função dos órgãos pélvicos, garantindo maior qualidade de vida e preservando a fertilidade da mulher. “Quando a endometriose é moderada ou severa, causando a infertilidade, a conduta mais adequada é a cirurgia minimamente invasiva, com o intuito de realizar o diagnóstico definitivo, avaliar a extensão e o comprometimento dos órgãos e efetuar o tratamento cirúrgico”, finaliza.

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