E-mails indicam que Flamengo sabia do ‘grande risco’ no Ninho antes do incêndio

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Uma troca de e-mails interna no Flamengo mostra que o clube sabia de problemas nas instalações elétricas no Ninho do Urubu nove meses antes do incêndio que causou a morte de dez garotos, em fevereiro do ano passado. Na comunicação entre um gerente e outros funcionários rubro-negros, incluindo um diretor, há expressões como “grande risco” e “atendimentos emergenciais”.

Os e-mails foram publicados pelo portal UOL. O Estadão entrou em contato com a assessoria do Flamengo, que informou que não iria se manifestar – ao menos por ora e sem intimação. Uma das empresas citadas, a Anexa Energia, ainda não retornou contato com a reportagem. Outra empresa, CBI, não foi localizada.

As mensagens foram trocadas a partir de 11 de maio de 2018 e se referem à visita de um técnico às instalações do CT no dia anterior. “A avaliação foi realizada na presença do Sr. Adilson, da empresa CBI, este indicado pelo Sr. Luiz Humberto (Costa Tavares, à época gerente de Administração do Flamengo), sendo comprovado as não-conformidades e suas gravidades. Conforme a avaliação do Sr. Adilson e relatório anterior, a situação é de alta relevância e grande risco, ficando este de apresentar uma proposta ao Sr Luiz Humberto para atendimentos emergenciais de alguns pontos: quadro elétrico (poste ao lado do refeitório), disjuntores e fiação no jardim, quadro elétrico atrás do alojamento da base”, diz o email.

O relatório foi enviado por um funcionário do departamento pessoal a Costa Tavares, à gerente de recursos humanos Roberta Tannure e a um outro funcionário do clube. No dia seguinte, o gerente de Administração encaminhou a comunicação ao diretor executivo de Administração do Ninho do Urubu, Marcelo Helman. Além do relatório, ele cita que foram identificados “vários itens fora da conformidade com as normas de seguranças exigidas”

O documento traz dez fotos que atestam os problemas de instalação, e faz ainda um alerta. “As irregularidades abaixo não serão tratadas no momento (maio de 2018), pois, conforme informação, o local será demolido e substituído por novas instalações até o fim do ano de 2018, deixando claro que caso haja fiscalização e autuação o argumento mesmo que evidente não justifica a irregularidade, ficando a critério do órgão fiscalizador a penalidade ou intervenção”, diz o texto.

Ainda segundo a reportagem do UOL, a empresa CBI teria sido contratada para executar os serviços de manutenção – ela teria inclusive emitido notas fiscais de cobrança, mas o serviço não teria sido realizado. Quem atestou isso foi outra empresa, a Anexa Energia, contratada pelo clube após o incêndio para produzir um parecer técnico sobre as causas da tragédia.

Em nota, o presidente do Flamengo em 2018, Eduardo Bandeira de Mello, afirmou que não teve conhecimento da troca de e-mails entre os funcionários. Também defendeu que a rede interna de e-mails do clube seja rastreada pelos investigadores.

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