Neste momento de
enfrentamento diante da pandemia de coronavírus (covid-19), não podemos
esquecer a máxima dita pelo presidente norte-americano John F. Kennedy
(1917-1963) em seu discurso de posse: “Não pergunte o que o seu país
pode fazer por você. Pergunte o que você pode fazer por seu país“.
Pois bem, este é realmente o momento de tentarmos fazer o impossível por nosso
país, apesar de sabermos o quanto erramos na escolha que fizemos em 2018 e até
de nos autodesculparmos, pois, definitivamente, não tínhamos boas opções e
tampouco sorte, levando-se em conta as circunstâncias em que ocorreu a esco
lha, que se deu mais por força do acaso do que por méritos do vitorioso.
Dessa maneira, só nos resta
redobrar esforços, aumentando a nossa capacidade de trabalho, único caminho,
aliás, para revertermos essa situação e colocarmos o País outra vez na rota do
desenvolvimento, que sempre foi, sem dúvida, o seu verdadeiro destino. Mas,
deixando um pouco de lado esse arroubo ditado mais pela atual situação de
isolacionismo que temos de enfrentar, é preciso dizer que este momento é também
ideal para quem precisa (ou pretende) operar na área de comércio exterior.
Até porque as empresas do
setor exportador/importador têm necessidade premente de incrementar a produção
para fazer frente ao enfraquecimento da atividade econômica provocado pelas
medidas de contenção da pandemia. E não podem deixar passar esta oportunidade
aberta pela questão cambial, em razão da desvalorização do real, que se tem
dado muito mais pela queda dos juros estimulada pelo Banco Central do que
outros fatores econômicos.
É certo que a magnitude e a
velocidade do colapso da atividade econômica que se seguiram à pandemia
constituem um episódio diferente de tudo o que ocorreu em nossas vidas, como
observou a economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Gita
Gopinath, que reconhece ainda que “há uma incerteza substancial sobre o seu
impacto na vida e nos empregos das pessoas”. E que não vemos uma evolução
positiva que nos dê, a curto prazo, a esperança de uma solução para esse grave
problema de saúde pública.
Apesar dos pesados
investimentos em pesquisas que estão sendo feitos pelos governos no
mundo inteiro, o fato é que, aparentemente, uma descoberta da vacina a curto
prazo parece bastante difícil, o que nos obriga a criar, cada um a seu modo e
possibilidades, as condições necessárias para sobreviver ainda por algum tempo
nas condições restritas de vida determinadas pela pandemia.
Nesse contexto
terrível, não há como evitar as consequências dessa dificílima situação. Por
isso, a responsabilidade de
empresariado brasileiro reveste-se de importância fundamental e os seus
esforços devem ser redobrados, sem subterfúgios e desculpas, pois o momento é
de enfrentamento com coragem, como bem se depreende daquela afirmação de John
F. Kennedy, já que, lamentavelmente, no aspecto político, não podemos confiar
numa administração que se tem p autado a té aqui pela irresponsabilidade no
trato da coisa pública.
De qualquer maneira, não nos resta alternativa que não seja instar os atuais
mandatários a que aproveitem a crise para fazer as reformas necessárias para
que se crie no País um ambiente propício para investimentos em saneamento,
infraestrutura logística, infraestrutura de gás e energia, construção de
habitações de baixa renda e modernização do setor elétrico, entre outros,
pois só assim será possível gerar renda e emprego. Resta saber, porém, se os
atuais homens públicos estão à altura dos desafios que se desenha m num
horizonte próximo. A resposta só o tempo dará.
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MILTON LOURENÇO
presidente do Grupo Fiorde