Enquanto os estúdios de cinema ainda tentam contabilizar a extensão dos
prejuízos, outro braço da indústria do entretenimento – os serviços de
streaming – têm visto um horizonte azul à frente. Isso porque, mesmo depois do
fim da pandemia de covid-19, as pessoas deverão continuar passando mais tempo
em casa, demandando conteúdo para as horas de folga. Os resultados da Netflix e
da Disney+ mostram que há apetite por um cardápio ainda mais variado de
conteúdos.
A Disney+, que já atingiu 50 milhões de assinantes desde seu lançamento em
novembro, nos EUA, não se intimidou pelo “lockdown” e continuou
pisando no acelerador para estrear em novos mercados europeus, onde o sucesso
em terras americanas se repete. Segundo a revista The Hollywood Reporter, um
dos poucos obstáculos à Disney+ veio da França, onde o lançamento foi adiado
para evitar sobrecarga na rede de internet. A Disney+ deve chegar ao Brasil no
segundo semestre.
A chegada da todo-poderosa Disney não afetou a Netflix. No primeiro trimestre, a
gigante adicionou 15,8 milhões de usuários à sua base – mais do que o dobro das
expectativas, em um efeito direto da pandemia. A empresa, na semana passada,
passou o Magazine Luiza como a marca mais admirada durante o coronavírus no
Brasil, de acordo com pesquisa da consultoria HSR. Prova de que o cliente está
valorizando a “companhia” de séries e filmes da Netflix nesses tempos
difíceis.
Embora vários outros serviços estejam disponíveis nos Estados Unidos – como
Hulu (também da Disney), All Access (da rede CBS) e Peacock (da NBC), o próximo
grande player global a chegar é o HBO Max – serviço de streaming que se venda
como “HBO e muito mais”. Chega aos EUA com a clientela embutida de
quem já assina a HBO na TV a cabo ou usa o serviço HBO Go (que será descontinuado
e substituído pelo HBO Max, que tem bem mais conteúdo).
Com estreia marcada para o dia 27 nos EUA, o HBO Max inclui, além de todo o
catálogo do canal que lhe dá nome e é conhecido por conteúdos premium, a oferta
histórica da Warner, incluindo filmes clássicos. O novo serviço é a primeira
grande consequência da compra da WarnerMedia pela AT&T.
Após forte lobby capitaneado pela AT&T, que envolveu até o deputado federal
Eduardo Bolsonaro (filho do presidente Jair Bolsonaro), a compra da WarnerMedia
foi aprovada no Brasil. Há dez dias, o grupo passou a controlar 100% da
operação nacional. Era o passo que faltava para que o HBO Max possa chegar ao
País, que ainda não tem data para ocorrer.
Quem navega pela HBO Go brasileira já pode perceber evidências do catálogo mais
variado que a HBO Max oferecerá no futuro. Hoje, séries voltadas ao público
adolescente – como Katy Keene – ou baseadas no universo DC Comics, como
Batwoman, já estão disponíveis. Ambas foram produzidas para o canal CW, que
pertence à Warner é conhecido por seu conteúdo voltado aos jovens.
A tendência de consumo de entretenimento em casa fez a Universal Pictures
decidir lançar em formato digital vários dos filmes que exibiria no cinema nos
próximos meses – ao contrário do que fizeram outros estúdios, que adiaram os
filmes à medida que os cinemas se mantêm fechados. A tática da Universal é
baseada no êxito do lançamento da sequência da animação Trolls, que arrecadou
mais de US$ 100 milhões em locação sob demanda.
Soluço
Enquanto vários estúdios apostam fortemente no streaming, o Quibi, voltado a
conteúdos de até 10 minutos de duração, sofreu no primeiro mês de vida, com 2,7
milhões de downloads de seu app (o que não significa, necessariamente,
assinaturas pagas). Entre os problemas estariam a quantidade limitada de
conteúdos – mal que afeta outros serviços, como a Apple TV+ – e o fato de o
consumidor ainda desconhecer o Quibi.
Guerra do streaming pega fogo na pandemia
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